Os riscos de tirania da moeda digital

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Os riscos de tirania da moeda digital

Texto publicado originalmente no LinkedIn.

Um executivo somente pode acordar cedo, ir trabalhar, voltar para casa, cuidar da família, amigos, hobbies e religião, se todos à sua volta fazem o mesmo.

Entretanto, no mundo há pessoas que acordam e se deitam e pensam em somente uma coisa: como ter poder?

Somos inundados com tantas e tendenciosas notícias que não paramos para avaliar se o foco que é dado pela mídia é o mais relevante para nossas vidas.

Como já fui projetista de computadores e programador, um tema que muito me preocupa e que deveria preocupar a todos é o imenso poder dado ao Estado – e não me refiro somente ao governo do nosso país – ao adotarmos impensadamente as moedas digitais.

Não previ, entretanto, que tão rapidamente o Brasil seria atingido pelo problema que elas causam.

“CORTEM AS CABEÇAS!”

Recentemente, o Sr. Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (1) e o Sr. corregedor-geral da Justiça Eleitoral, Ministro Luis Felipe Salomão (2), simplesmente proibiram que jornalistas conservadores e canais de direita na internet recebessem PIX.

O PIX é o embrião de um Real digital.

E SE SÓ EXISTISSE O PIX?

Imagine o que teria acontecido com essas pessoas se existisse somente o PIX como meio de troca e, portanto, de ter renda.

Elas não poderiam sequer comprar comida.

“QUANTO MAIS LONGE VOCÊ OLHA NO PASSADO, MAIS LONGE VERÁ O FUTURO”

Caso você tenha perdido as notícias relevantes sobre o tema no último século, faço aqui uma síntese incompleta, mas somente para introduzi-lo no problema.

“SOMENTE OURO É DINHEIRO, TUDO O MAIS É CRÉDITO”

Esta afirmação de John Pierpont Morgan, em frente ao congresso americano, em 1912, aconteceu um ano antes da criação do banco central americano – FED – Federal Reserve. (3)

A criação do FED fez surgir um novo meio de troca: a moeda corrente.

Qual a diferença entre dinheiro e moeda corrente?

DINHEIRO X MOEDA CORRENTE

O dinheiro é um instrumento jurídico que permite trocas nos mercados e possui as seguintes características:

1 – Meio de troca

2 – Unidade de conta

3 – Portátil

4 – Divisível

5 – Durável

6 – Fungível

7 – Preserva valor ao longo do tempo

Já a moeda corrente possui todas as características acima, exceto a sétima e, portanto, não preserva valor com o tempo.

Se a moeda corrente preservasse valor, sua casa valeria o mesmo que há 10, ou 15 anos.

(E a barra de chocolate não teria menos gramas hoje que há 10 anos pelo mesmo preço).

Tanto assim, que podemos observar o quanto o dólar se desvalorizou em relação ao ouro ao longo do século:

Fonte: https://www.visualcapitalist.com/golden-bulls-the-price-of-gold/

A consequência é a perda do poder de compra pelo americano, que está apresentada no gráfico abaixo:

Fonte: www.goldtelgraph.com

Ou seja, o americano médio tem de trabalhar aproximadamente 33 vezes mais que seu equivalente no começo do século XX para ter o mesmo padrão de vida.

Mas, somente o americano tem a sorte de trabalhar só 33 vezes mais. Um brasileiro tem de trabalhar infinitas vezes mais, já que, por exemplo, uma nota de CR$ 10.000,00 (Dez mil cruzeiros – moeda que existia quando eu nasci), hoje vale zero.

Portanto, Woodrow Wilson (5), ao assinar, em 1913, a lei que criou o banco central americano, selou a sorte do ocidente e do mundo.

Primeiro porque o capitalismo, entendido como o livre mercado, deixou de existir pois, o dinheiro é 50% de toda troca e, se você não possui mais um mercado livre de meios de troca então não há porquê se falar em capitalismo.

Segundo porque o controle da moeda foi transferido para o Banco Central.

Podemos dizer que os bancos centrais são os verdadeiros governantes do mundo e o FED é o maior deles.

Mas, nem tudo estava perdido, pois ainda havia uma parte do dólar que era lastreado em ouro.

Em 1944, já com o flanco europeu da II Guerra encerrado, os países se reuniram em Bretton Woods, New Hampshire – EUA, e celebraram o acordo que leva o mesmo nome.

Nele, os Estados Unidos, não devolveria o ouro dos países envolvidos na II Guerra Mundial, mas dólares que estariam atrelados ao ouro na paridade de US$35,00 por Onça Troy (aproximadamente 31,10 gramas).

Portanto, o dólar seria utilizado como reserva para as moedas locais.

E assim foi até a manhã do dia 15 de agosto de 1971.

O DIA DA INFÂMIA

Nossa situação foi para o brejo em 15 de agosto de 1971, quando o presidente Nixon (5), quebrou a paridade dólar-ouro e criou o que hoje é conhecido como mercado de câmbio – ou seja, as moedas passaram a flutuar uma em relação a outra, sem nenhum lastro físico.

PETRODÓLAR – A CAMISA DE FORÇA

Em 1973, a Arábia Saudita celebrou com os Estados Unidos o acordo de petrodólar. Por meio dele, os barris de petróleo passaram a ser denominados em dólares e o país somente poderia aceitar a moeda americana como pagamento. (6)

Em 1975, todos os países da OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo – celebraram o mesmo acordo, condenando todo o mundo a se curvar à moeda americana.

Desde lá, os países têm  de vender algo para os EUA para ter dinheiro para comprar energia. Por isso que, aqueles que não tinham nada de valor para vender ao país, começaram a vender seus produtos para outros países também em dólares.

E é desta camisa de força que o mundo tenta se livrar há décadas.

DÓLAR OU NÃO DÓLAR

Para isso, vários países celebram acordos bilaterais para trocas entre si em suas próprias moedas. Mas, isso é bem complicado pois a rede de comunicação entre os bancos – SWIFT – Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunications (7) – uma espécie de internet dos bancos – domina a troca de mensagens entre eles.

Rússia criou uma rede paralela para suas transações (8) e países como Irã e China procuram se beneficiar dela porque, na prática, apesar da rede SWIFT ser propriedade de um consórcio de bancos, o governo americano a domina e, em casos específicos, corta países inteiros da rede.

Para você entender o poder que está por trás disso, quando alguém convence os Estados Unidos a retirar um banco ou um país da rede SWIFT, ele não poderá transacionar e, portanto, comprar energia e demais produtos.

Este mecanismo foi utilizado tanto para impor sanções ao Irã, quanto para derrubar o Papa Bento XVI.

MOEDA DIGITAL

Toda essa longa introdução para alertá-lo que, aquilo que hoje é feito com bancos e países pode ser feito com você e por bancos centrais estrangeiros.

Toda a briga hoje é para estabelecer uma nova moeda de trocas internacionais que substitua o dólar.

O desejo é que seja uma moeda digital controlada por bancos centrais (CBDC – Central Bank Digital Currency).

O FMI – Fundo Monetário Internacional – quer que os países usem para lastro de suas moedas o SDR – Special Drawning Rights (9) – que é uma moeda feita por uma cesta de outras – Dólar, Euro, Libra, Yuan e Yen.

O SDR seria digital para isso.

Todos os bancos centrais estão emitindo moedas digitais. Inclusive a China disse que pretende que o Yuan digital seja lastreado em ouro.

Se isto ocorrer e as pessoas correrem para o Yuan digital, cairão em uma armadilha pois o governo do país é uma ditadura comunista.

Imagine você ter uma moeda que um ditador pode controlar.

Não pensei que teríamos um exemplo tão rápido do perigo que são as moedas digitais, mas as ações do STF e do corregedor do TSE nos dão uma amostra do que é possível fazer com cada indivíduo.

MOEDAS PROGRAMÁVEIS

Além disso, a moeda digital é possível de ser programada. Ou seja, nós, executivos, que trabalhamos tanto para ganhar nosso suado dinheiro, podemos ter até mesmo milhões em nossa conta, (eu sei que você espera ansiosamente aquela stock option maturar). Mas, o banco central terá o poder de dizer se podemos gastá-lo em Paris, Milão ou somente em Piracicaba.

Ou ainda, dizer que somente podemos gastá-lo com arroz, feijão e bife, (dry aged, nem pensar).

Você entende o poder que está transferindo a essas entidades?

As moedas digitais somente poderiam existir se não estivessem sob controle de nenhum governo – como é o caso das criptomoedas como Bitcoin, Ethereum, entre outras.

Mas, atreladas e governadas por bancos centrais representam um perigo de aumento daquilo que já é mais mal distribuído no mundo: o poder.

E é ele que está pesando sobre as cabeças dos jornalistas conservadores e canais de direita.

E poderá atingi-lo também.

Portanto, nunca se esqueça das regras que regem a tecnologia.

AS REGRAS DE OURO DA TECNOLOGIA

“Dê-me o controle da moeda e não me importarei com quem fará as leis” (10).

Regra número 1: Tecnologia existe para poder.

Regra número 2: Aprenda rápido a regra número 1.

Pense nisso sempre que passar um PIX.

Conte comigo para ajudar a desenvolver você e seus executivos

Vamos em frente!

Silvio Celestino

Sócio-diretor da Alliance Coaching

www.silviocelestino.com.br

silvio.celestino@alliancecoaching.com.br

WhatsApp (11) 98259-8536

(1)   Vídeo de Fernando Ulrich sobre a decisão do Sr. Ministro, Alexandre de Moraes: https://www.youtube.com/watch?v=6vrQD8sqgDM

(2)   Matéria sobre a decisão do Sr. Ministro Luis Felipe Salomão: https://brasilsemmedo.com/corregedor-do-tse-faz-censura-previa-contra-canais-de-direita/

(3)   Página do FED que esclarece seus propósitos: https://www.federalreserve.gov/aboutthefed/fract.htm

(4)   Sobre o Presidente Woodrow Wilson – https://pt.wikipedia.org/wiki/Woodrow_Wilson

(5)   Declaração do Presidente Nixon de que quebraria “temporariamente” a paridade dólar-ouro: https://www.youtube.com/watch?v=4-cB1Z9qceI

(6)   O acordo de petrodólar está esclarecido neste site: https://followthemoney.com/preparing-for-the-collapse-of-the-petrodollar-system-part-1/

(7)   Sobre a rede SWIFT – https://www.investopedia.com/articles/personal-finance/050515/how-swift-system-works.asp

Site oficial: https://www.swift.com/

(8)   Rede russa, paralela à rede SWIFT – https://en.wikipedia.org/wiki/SPFS

(9)   Special Drawning Righs – https://www.imf.org/en/About/Factsheets/Sheets/2016/08/01/14/51/Special-Drawing-Right-SDR

(10)Há controvérsias, mas esta frase é atribuída a Mayer Amschel Rothschild (1744–1812) – https://en.wikipedia.org/wiki/Mayer_Amschel_Rothschild