HORA DE MUDAR DE EMPREGO. E AGORA?

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HORA DE MUDAR DE EMPREGO. E AGORA?

Texto publicado originalmente no LinkedIn.

Um dos dilemas que mais assola os executivos é quando pensa que deve mudar de emprego, mas está em dúvida a respeito do que fazer.

Esta dúvida decorre de não saber quais passos tomar para esta mudança.

Por vezes, não há nenhuma oportunidade em vista. Mas, há outras situações nas quais existem mais de uma alternativa.

Qual a decisão certa?

Sair? E se der errado?

Ficar? E se você não aguentar mais a rotina de onde está?

Avisar ao chefe que tem uma oportunidade fora e negociar um aumento? E se você for visto como alguém só interessado no dinheiro?

Estas situações são responsáveis por muito estresse, incertezas e medo de não tomar a melhor decisão.

Não é à toa que muitos paralisam diante deste complexo cenário.

O QUE VOCÊ DEVE CONSIDERAR PARA MUDAR DE EMPREGO

O fato é que mudar de emprego exige uma ordem de fatores que você deve considerar antes de tomar a decisão.

O objetivo não é apenas acertar, mas ter consciência de quais fatores o levaram a uma escolha na eventualidade dela não se revelar a melhor no longo prazo.

Querer decidir somente quando tiver certeza de tudo irá paralisá-lo. Alerto que não decidir é pior do que tomar uma decisão errada.

Embora cada contexto seja único, não basta você somente levantar os prós e contras de cada opção.

A reflexão sobre alguns elementos fundamentais e de longo prazo pode ser mais prudente para acertar na sua decisão.

QUAL O MOMENTO ECONÔMICO?

Todo executivo deve saber se a economia está numa fase de expansão, contração ou estabilidade.

Isso é diferente para cada setor: por exemplo, o mercado de tecnologia está em expansão e o de eventos passa por enormes desafios.

Mas, assim como todos nós estamos sob o efeito da gravidade, saber como está o mercado mundial é uma boa referência, pois é ele que direciona todos os demais.

Os mercados financeiros são muito susceptíveis a fraudes e estão excessivamente distorcidos por conta delas, portanto, minha recomendação é você olhar o mercado real – ou seja de mercadorias, produtos e serviços – para saber em que ponto estamos.

Em geral, como os Estados Unidos é o principal mercado do mundo, olhar para algum número deles é mais seguro do que focar somente o mercado brasileiro, ou da sua empresa.

Uso para esta referência as vendas de caminhões pesados no mercado americano (1).

Neste momento o gráfico mostra o seguinte:

Ou seja, estamos às vésperas de uma monumental crise econômica. (2)

Você deve saber disso, não para ter medo, mas porque, quando muda de emprego, se torna um profissional barato de ser demitido – graças às nossas maravilhosas leis do trabalho – e isto é uma possibilidade maior nas crises.

Portanto, se decidir mudar, recomendo que faça uma negociação que garanta que a empresa não poderá demiti-lo nos próximos meses – se possível, no próximo ano.

Sei da dificuldade que é conseguir um acordo, mas, como em todo período pré-crise, a atividade econômica está em alta para o emprego formal, então é um momento favorável para negociação.

DO QUE VOCÊ NÃO GOSTA NO SEU EMPREGO ATUAL?

Se a fase do ciclo econômico é uma informação objetiva que você deve levar em conta, há outras que são mais difíceis de definir.

Por que você está descontente com seu emprego atual?

Observe se o problema é seu chefe, sua atividade, o excesso de trabalho ou a remuneração inadequada, por exemplo.

O motivo de ter consciência sobre isto é para não trocar seis por meia dúzia.

Ou seja, sair de um chefe ruim para um pior. Ou, sair do lugar onde o clima é péssimo e ir parar onde o clima é horrível.

Portanto, primeiro defina com clareza o que o impele a sair e, depois, faça uma pesquisa ampla sobre a empresa e o seu futuro chefe.

VOCÊ PODE ARRISCAR?

Conheço executivos com excelentes salários, mas que têm um padrão de vida tão alto que não possuem recursos investidos. Isto faz com que cada mudança de emprego seja um risco maior do que pode assumir.

Sempre que mudar de emprego, procure ter reservas financeiras para ao menos 9 meses. O ideal são 15 a 18 meses, pelo menos.

Isto ocorre porque, em média, a demora para conseguir um novo emprego em momentos de expansão é de 9 a 12 meses, mas em crise econômica este intervalo passa para de 15 a 18 meses.

Portanto, se você mudar, e na sequência for demitido e não tiver reservas, se verá em apuros.

Antes de decidir, portanto, reavalie seu padrão de vida. Uma vida de qualidade não é tão cara assim e permite a você ter recursos para investir. Já um estilo de vida pode até  parecer bem no Instagram, mas é um péssimo investimento. Reavalie amizades, se necessário.

QUAL SEU PLANO DE VIDA?

Uma das grandes tristezas da nossa cultura é não incentivar o brasileiro a fazer seu plano de vida.

Ou seja, quando você estiver com 85 anos, o que gostaria de ter vivido, realizado e deixado como legado?

Sem seu plano é difícil calcular o padrão de vida que deseja e, portanto, sua carreira.

Lembro-me que, certa vez, o CEO de uma empresa me pediu para conversar com seu filho a respeito de carreira. Ele estava concluindo seus estudos em uma excelente universidade e não sabia se deveria escolher entre a carreira no mercado financeiro ou na engenharia.

Quando lhe pedi para definir com clareza o padrão de vida que desejava, ficou claro que, se optasse pela engenharia, levaria décadas para atingi-lo. O mercado financeiro seria uma boa opção, mas, na verdade, o melhor mesmo seria ele empreender – algo que não estava em seu horizonte.

Portanto, a sequência para você ordenar as alternativas de emprego começa com o plano de vida, a definição do padrão de vida que deseja ter e da reflexão sobre quais carreiras o permitem implementá-lo.

Somente a partir daí você poderá avaliar as alternativas de ficar onde está, mudar de emprego ou empreender.

SER EXECUTIVO É DIFERENTE DE SER EMPREENDEDOR

Claro que, para cada alternativa terá de desenvolver certas competências. Por exemplo, o empreendedor tem uma vida muito diferente de um executivo e já vi profissionais acreditarem que estavam qualificados para ser empresários porque eram executivos de sucesso. Resultado: quebraram a cara.

VOCAÇÃO

Talvez um dos assuntos mais esquecidos quando se fala em carreira é a vocação.

As pessoas falam em ter uma carreira onde possam ganhar muito dinheiro, ter auto-realização, viajar, conhecer pessoas e lugares interessantes.

Mas, o quanto isto tudo lhe dá paz de espírito?

Conheci, em uma viagem a Las Vegas, um executivo do mercado financeiro que tinha mais dinheiro que a maioria, mas estava apavorado com a idéia de ter um novo ataque cardíaco – ele estava com 47 anos e havia tido seu primeiro infarto aos 42.

Estávamos todos ali, para fazer um vôo panorâmico de helicóptero pela cidade e ele estava em silêncio com olhar perdido e com medo.

Também conheço um executivo do mercado de fundos de investimentos, muito jovem, milionário, mas que teve uma depressão antes dos 30 anos que o deixou um ano fora do mercado.

Qual é o problema?

O sucesso não está na quantidade de dinheiro que você faz, mas no equilíbrio que consegue entre:

1)     O que gosta de fazer

2)     O padrão de vida que deseja

Se focar somente o primeiro fator e esquecer do segundo, ficará desanimado pelas restrições que a falta de dinheiro imporá a você.

Entretanto, as pessoas mais doentes e esquisitas que conheço são as que focam somente o segundo fator e esquecem do primeiro – como os exemplos acima.

A dura verdade é que a maioria de nós não está qualificada para definir o que gostamos de fazer, o que será nossa realização ou nosso propósito de vida.

Portanto, recomendo que você deixe isso para sua vocação. Use-a como um farol a indicar e iluminar a direção que deve seguir. O segredo está em você ter sensibilidade para ouvir o que Deus já lhe deu de nascença e o seu trabalho é configurar a vida para desenvolvê-lo.

Você terá mais chances de sucesso e felicidade se proceder deste modo.

Afinal, mais importante que mudar de carreira, é conquistar a paz de espírito que precisa. Não para evitar problemas, mas para ter energia e recursos para suplantá-los.

E, ao final, ter uma carreira que, de fato, lhe proporcione implementar o plano de vida que tanto sonhou.

Conte comigo no que precisar para auxiliá-lo nisso.

Vamos em frente!

Silvio

Silvio Celestino

Sócio-diretor da Alliance Coaching

https://www.silviocelestino.com.br

Alliance Coaching

silvio.celestino@alliancecoaching.com.br

WhatsApp (11) 98259-8536

(1)   https://fred.stlouisfed.org/series/HTRUCKSSAAR

(2)   Toda vez que a venda de caminhões pesados nos Estados Unidos atinge 500 mil unidades por mês e cai abaixo disso persistentemente estamos às vésperas de uma recessão.