NÃO DÁ PARA SER ESTRATÉGICO SE VOCÊ NÃO GOSTA DE FALAR SOBRE DINHEIRO

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NÃO DÁ PARA SER ESTRATÉGICO SE VOCÊ NÃO GOSTA DE FALAR SOBRE DINHEIRO

Como foi o mês de julho para os investimentos? O que esperar de agosto? Estes foram os temas do episódio 16 de nosso podcast do canal O EXECUTIVO.

Recebemos o sócio-fundador da Figtree Capital, Flavio Muniz, que fez uma análise do momento econômico atual e o que esperar de seus investimentos.

Cique abaixo para assistir:

Para ouvir este texto, clique aqui: Podcast O EXECUTIVO


Um dos pedidos mais curiosos que já recebi foi o de treinar um pequeno empreendedor a falar sobre valores financeiros grandes. Nunca imaginei que encontraria alguém que fosse empresário ou executivo e que tivesse dificuldade para falar de dinheiro, mas isso é mais comum do que imaginamos

No universo empresarial, ser estratégico é essencial para o sucesso e crescimento sustentável das organizações. Nesse contexto, uma habilidade que se destaca como fundamental é a capacidade do indivíduo de falar sobre dinheiro de forma clara e assertiva.

Afinal, compreender a relevância das finanças e saber lidar com elas é uma competência essencial para traçar planos, tomar decisões inteligentes e alcançar os objetivos estratégicos.

CASH IS KING

Em primeiro lugar, aceitar que as finanças são o pilar sobre o qual se sustentam todas as atividades empresariais. Saber falar sobre dinheiro não se trata apenas de conhecer os números, mas de compreender o impacto de cada decisão financeira na saúde geral da empresa, para os acionistas, empregados, fornecedores e governo – os stakeholders. Um executivo estratégico reconhece que todas as ações têm uma dimensão financeira e que cada movimento deve estar alinhado aos objetivos maiores da organização.

Lembro-me que encontrei uma grande diferença entre a maneira como os executivos de TI e de RH falam sobre o tema.

Na primeira área em que trabalhei, de tecnologia, ao fazer uma venda, apesar da reclamação costumeira do custo, era muito comum ingressarmos na negociação de preço com a finalidade de chegarmos ao número mutuamente aceitável. Não havia nenhuma avaliação moral sobre o tema dinheiro, afinal, tratava-se de negócios.

E os envolvidos entendiam o valor do sistema em negociação.

Já, no RH, encontro executivos que ficam extremamente desconfortáveis quando começa a fase de negociação. É como se fosse “feio” falar sobre dinheiro em meio a um departamento que se preocupa com pessoas. E ocorre um foco excessivo no preço e pouco entendimento sobre o valor do que se está negociando.

Por isso que considero extremamente salutar quando executivos de outras áreas ingressam no RH. Já vi um gerente de compras migrar para essa área e o resultado foi surpreendente por sua capacidade de entender de pessoas – afinal era um negociador – e pela maneira cordial com que tratava os envolvidos em uma negociação e conseguia excelentes acordos.

Todos nós precisamos fazer as pazes com as conversas sobre dinheiro, preço e valor.

Afinal, a linguagem de resultados, isso é, a linguagem contábil, nada mais é do que um denominador comum que permite que todas as ações da empresa sejam compreensíveis sob uma mesma perspectiva: a que permite a existência do negócio.

Quando se compreende como os recursos financeiros são alocados, é possível identificar oportunidades para otimizar custos, investir em projetos de alto retorno e alinhar a estratégia da empresa com as suas reais possibilidades financeiras. Essa compreensão holística e que, portanto, envolve pessoas também, é o alicerce para a tomada de decisões mais inteligentes e bem-informadas.

ALINHAMENTO

Além disso, saber falar sobre dinheiro é uma ferramenta poderosa para a comunicação e o alinhamento dentro da empresa.

Um executivo que domina a linguagem financeira é capaz de traduzir metas e objetivos estratégicos em termos compreensíveis para toda a equipe. É claro que isso exige uma adequação ao nível de compreensão de cada membro do time, mas é essa transparência que gera engajamento e fortalece a cultura organizacional, criando um ambiente de confiança e cooperação com foco nos resultados.

Recentemente, um executivo que trabalha numa empresa de base me alertou que a demanda para seus projetos está extremamente reduzida a partir de janeiro de 2024, o que sinaliza uma grande probabilidade de crise econômica.

Ora, essa informação é fundamental para diretores de todas as áreas, inclusive de RH, para o preparo do que pode acontecer no próximo ano. E essa preparação inclui ajustes nos orçamentos.

RESILIÊNCIA, INCLUSIVE NAS FINANÇAS PESSOAIS

O conhecimento financeiro também torna o executivo mais resiliente e preparado para enfrentar desafios. Ao entender a situação financeira da empresa, é possível antecipar cenários adversos e tomar medidas preventivas para mitigar riscos. Isso permite uma gestão mais eficiente dos recursos, evitando crises e potencializando oportunidades.

Esse conhecimento também é fundamental para suas finanças pessoais. Fico impressionado com a quantidade de executivos que não possuem uma planilha de gastos da casa, desconhecem o padrão de vida atual – isto é, quanto e no que gastam seu dinheiro – e não possuem um padrão de vida almejado.

Com preocupante frequência encontro alguns que estão vivendo acima do que sua renda permite e não possuem uma reserva mínima de segurança. Já encontrei executivos com rendas altíssimas, alto padrão de vida e que possuíam somente 3 meses de reserva.

Uma situação extremamente arriscada e estressante.

Ser estratégico, isto é, pensar no futuro, em sua vida pessoal é uma maneira madura de treinar sua visão e articulação das restrições para compreender o que acontece na empresa.

DINHEIRO E INOVAÇÃO

Por fim, a conexão entre estratégia e dinheiro é o alicerce para a inovação que mencionei no texto anterior e para a expansão dos negócios. Com uma compreensão clara das finanças, o executivo pode avaliar com realismo novas oportunidades de mercado, desenvolver produtos inovadores dentro das condições de restrições e alavancar a competitividade da empresa no curto e longo prazo.

A estratégia financeiramente embasada é a chave para a expansão sustentável e o crescimento contínuo.

Portanto, ser um executivo estratégico requer habilidade e conhecimento para falar sobre dinheiro com naturalidade e serenidade pois a emoção não é uma boa companheira ao se falar sobre o tema.

A articulação desses fatores solidifica pilares fundamentais que permitem ao líder decidir com conhecimento, alinhar a equipe aos objetivos da empresa e impulsionar o crescimento sustentável.

O desenvolvimento desta competência torna o executivo um líder visionário, capaz de conduzir sua empresa rumo ao sucesso mesmo em um mercado competitivo, dinâmico e com perspectiva de turbulência.

Conte comigo para isso e vamos em frente!

Silvio Celestino

Sócio-diretor da Alliance Coaching

silvio.celestino@alliancecoaching.com.br