COMO LIDAR COM UM LÍDER RUIM

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COMO LIDAR COM UM LÍDER RUIM

Para ouvir este texto, clique aqui: episódio 8 do podcast O EXECUTIVO

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Além de passar meus contatos para ele, é claro, este é um pedido um tanto difícil de atender.

Pelo simples motivo que aprender a trabalhar com um líder sofrível é como tomar um remédio esperando que a outra pessoa se cure.

Mas, sugiro refletir sobre três perspectivas que podem auxiliá-lo, como subordinado, a executar esta árdua tarefa.

UM LÍDER RUIM NÃO É MOTIVO PARA VOCÊ NÃO LUTAR PELA SUA CARREIRA

Sei que é extremamente adverso ter o azar de enfrentar um gerente despreparado. É estressante, desmotivador e gera em nós aquele sentimento de estarmos em um beco sem saída – principalmente quando não vemos alternativa, nem dentro, nem fora da empresa.

Importante frisar que não estou me referindo a chefes perversos – escrevi sobre isso no texto: Como sobreviver ao chefe mau. Mas, àqueles que não exercem a liderança por meio dos melhores conhecimentos, conceitos e das melhores práticas. O fazem por pura intuição e cometem todo tipo de desatino na gestão de pessoas: de grosserias, a não saberem dar um feedback, da incapacidade de delegar, a não fazerem o follow-up, além de serem desmotivadores e se comunicarem muito mal, entre outros defeitos.

Um primeiro passo, é criar referências internas para tornar-se capaz de avaliar corretamente seu desempenho e a qualidade de seu trabalho; e para isso deve ter conhecimento sobre o nível de produtividade e excelência de profissionais com a mesma posição e experiência que a sua.

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Minha recomendação, inclusive, é conhecer como é o desempenho de profissionais semelhantes a você em países como Estados Unidos ou europeus.

Isso vale também para sua postura, imagem e comunicação.

Deste modo, você não ficará à mercê de um feedback inapropriado, falta de um elogio por um trabalho bem-feito, ou mesmo grosserias de gestores sem noção.

Também recomendo que você leia histórias inspiradoras como, por exemplo, de Epicteto que, apesar de ter sido escravo de um dono cruel, não desistiu de tornar-se um grande filósofo.

Ocorre que, o contexto, por mais desfavorável que seja, faz parte de sua carreira. Isto é, se você acreditar que somente poderá sentir-se motivado, otimista e confiante quando as condições forem favoráveis, pode ser que desperdice sua carreira esperando.

Por mais impossível que lhe pareça, faça um esforço genuíno de motivar-se, fazer seu trabalho com excelência e não deixe que um chefe miserável o torne medíocre. Afinal, se você não se esforçar para ser o melhor possível, quando surgir uma oportunidade, você será preterido.

Portanto, faça o que for necessário para manter sua confiança em nível elevado: leia bons livros, tenha bons exemplos e pratique esporte.

A ORIGEM DA MEDIOCRIDADE

Por vezes, a vida nos ensina por meio de exemplos negativos. Isto é, um chefe ruim é uma excelente fonte de conhecimento a respeito de como você não deve ser quando se tornar um líder.

O maior problema que acontece na liderança é uma propagação de nossa cultura de que a maioria das coisas você não precisa estudar e que você aprende fazendo.

No Brasil as pessoas vêem com desdém quem se dedica a preparar-se e aprofundar-se em liderança pois acreditam que, se foram promovidos a gerentes então… são gerentes. Como se o novo crachá tivesse um poder mágico de inserir em suas mentes o conhecimento necessário sobre o tema.

Entretanto, se é notório não ser uma boa idéia jogar alguém numa piscina profunda para que intuitivamente aprenda a nadar, isso acontece com certa frequência quando o assunto é liderança.

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Pessoas de origem técnica principalmente acham que o tema é simples e que poderão aprender praticando.

É frequente isso resultar em um desastre na gestão de pessoas, no relacionamento com pares e na destruição da própria carreira, isto é, a promoção à gerência ser o último passo antes da demissão.

Para piorar, o líder deficiente tem uma auto-percepção elevada e distorcida de si mesmo e não enxerga o quão sofrível é sua gestão.

Portanto, o aprendizado que emerge daí é: não seja um gerente despreparado e que não se aprimora constantemente pois isso causa um sofrimento terrível em seus subordinados.

COMUNICAÇÃO E DOMÍNIO EMOCIONAL

Dos problemas mais frequentes que observo em líderes ruins está a comunicação deficiente, isto é, falha, inapropriada e imprecisa.

Em certos casos isso gera uma perda do domínio emocional pelo fato do líder ter grande dificuldade de se fazer compreender e ser obedecido.

Neste cenário ele parte, com descontrole emocional, para o argumento de autoridade. Muito semelhante ao que ocorre com os cientistas atuais que acreditam ser os únicos iluminados capazes de compreender a realidade – por mais estapafúrdias e contrárias ao bom senso que sejam suas afirmações e as conclusões de seus “estudos”. Apesar disso, eles acham que você deve acreditar em tudo o que falam e obedecer.

Mas, o fato é que, quanto menos compreensível você for, pior líder será.

Portanto, ao aprimorar-se para a gestão de pessoas, esforce-se para aumentar seu vocabulário e capacidade de ordenar suas idéias e expressá-las de modo compreensível aos seus subordinados.

Como mencionei, não é o ideal você ter um mau exemplo de líder para desenvolver-se. Mas, eu mesmo já vi péssimos exemplos e observá-los foi uma fonte de aprendizagem que no longo prazo compensou as agruras enfrentadas.

E que me ajudou a criar uma musculatura executiva real para lidar com o estresse, desenvolver a paciência, o domínio emocional e a humildade.

Características muito desejáveis em um bom líder.

Vamos em frente!

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Silvio Celestino

Sócio-diretor da Alliance Coaching

www.silviocelestino.com.br

silvio.celestino@alliancecoaching.com.br

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