Para ouvir este texto, clique aqui: Podcast O EXECUTIVO
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A primeira coisa que acontece em uma tragédia como a do Rio Grande do Sul é que as pessoas atingidas não têm como sair dela por conta própria.
Por mais forte que seja, é impossível a um indivíduo vencer a força da natureza.
Portanto, somente quem está fora da tragédia pode fazer algo.
Neste sentido, como em toda situação de emergência, ela deve ser prevista e analisada para a definição de procedimentos, pessoas e recursos necessários para lidar com ela quando acontecer.
Quer seja em uma empresa, ou em um Estado, reconhecer as possíveis situações de emergência, estabelecer procedimentos e treiná-los é fundamental para o sucesso na situação real.
Mas, o treino e a realidade são coisas absolutamente distintas.
Por mais que você seja um expert em um procedimento, a sua emoção será definidora do que fará em meio a uma emergência real.
Você precisa ser brutalmente honesto consigo mesmo para reconhecer se é ou não capaz de tomar decisões e agir em meio ao caos.
VOCÊ CONSEGUE LIDAR COM SUAS PRÓPRIAS EMOÇÕES?
A desordem inicia-se com a total desorientação das pessoas envolvidas em uma tragédia: suas preocupações vão desde salvar seus filhos e proteger seus bens de saqueadores até a preservação de sua própria vida, é claro.
Para ser um socorrista o indivíduo terá de lidar com pessoas neste estado de espírito.
Além disso, é impossível salvar a todos. Portanto, terá de fazer escolhas, pois sabe que ao priorizar o salvamento de uns excluirá o salvamento de outros.
Terá de conseguir lidar com os horrores ao seu redor: os corpos boiando nas águas, o desespero das pessoas, os criminosos à volta e a perda da moral de muitos em meio à calamidade.
Portanto, neste cenário também deverá se defender, contornar situações de perigo iminente, e acidentes consigo próprio ou com outros socorristas.
Foto: Ailton Christensen CFG , falando sobre crise e restruturação de negócios no podcast do Canal O EXECUTIVO
O PREPARO É MANDATÓRIO
Tudo isso nos faz ver a importância do preparo de pessoas para termos indivíduos capazes de lidar com essas situações que tanto desejamos evitar.
E as pessoas que devem ser preparadas com mais profundidade são os líderes pois são eles os responsáveis para direcionar recursos e indivíduos para ter essa estrutura à disposição para quando algo dessa magnitude ocorrer.
O problema é convencer esses líderes de que eles precisam aprender de maneira ininterrupta – e de que, embora raros, esses eventos acontecem.
Lembrando que a última cheia dessa magnitude no RS foi em 1941. Portanto, há 83 anos.
Como convencer um líder de que precisa estar preparado para isso depois de tanto tempo?
Quando despreparado, o líder busca sua posição de poder pensando em si mesmo e sem um propósito elevado e, portanto, não tem a moralidade necessária para o sacrifício – ficará preocupado com sua imagem, em vez de preocupar-se com as pessoas atingidas.
Também fica distante dos acontecimentos, quando deveria ir pessoalmente para ter uma imagem verdadeira deles e usar sua presença para dar ânimo às pessoas.
Quando despreparado, o líder é surpreendido pela emergência, quando deveria ter ouvido os alertas dos estudiosos desses eventos e seu histórico secular.
Além disso, fica desorientado, quando deveria estruturar as ações e rapidamente colocar um plano de emergência em ação de maneira coordenada.
Afinal, o que deveríamos levar em conta em uma situação como essa é o sofrimento físico, emocional e moral das pessoas e como recolocá-las novamente no trilho de suas vidas.
Ainda estamos no início do outono, após um período do fenômeno El Niño. Ao todo tivemos sete condições climáticas que se combinaram para gerar esse tormento no RS, portanto devemos estar de olho na meteorologia e agir em acordo com suas previsões.
Há a previsão de mais chuva para região. Os líderes devem olhar para elas.
Terão de definir rapidamente a logística que deverá funcionar até que as famílias possam voltar às suas casas:
Energia para aquecê-las, alimento, água, roupa, um teto provisório, enterrar os mortos, manter a educação das crianças, recuperar estradas e estruturas de água e esgoto, manter a segurança, analisar os impactos no agronegócio, nas indústrias e serviços e mitigá-los entre outros.
Enfim, é um trabalho para um povo muito singular: o povo brasileiro.
Além de rezar muito, mandar um pix, mandar conhecimento, compartilhar a verdade e, para os que podem, agir pessoalmente na região, é hora de nos afastarmos dos maus, reconhecermos os bons e preparados e nos unirmos a eles ordenadamente para socorrer o RS.
Conte comigo para isso e vamos em frente!
P.S. Tenho visto algumas pessoas desconhecerem os maiores desastres relacionados ao clima já ocorridos no Brasil. Embora estejamos muito consternados com as cenas que vemos no Sul, o maior desastre climático foi a grande seca no Nordeste entre os anos de 1877 e 1879 que matou entre 400.000 e 500.000 pessoas e provocou uma enorme migração de pessoas para outras regiões.
P.S2. Se você deseja contribuir com alguém que conheço e que está ajudando a famílias da região – e que faz missões lá – sugiro o Padre Wagner Alves de Almeida, cujo pix é: 081.304.479-08 (CPF dele).
Silvio Celestino
Sócio-diretor da Alliance Coaching
Autor do livro: O LÍDER TRANSFORMADOR, como transformar pessoas em líderes