VOCÊ ESTÁ PREPARADO PARA 2024?

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VOCÊ ESTÁ PREPARADO PARA 2024?

Para ouvir este texto, clique aqui: Podcast O EXECUTIVO

 

Um executivo deve ser como um bom comandante de um transatlântico, isto é, deve preocupar-se com as ondas à frente e com o curso a seguir no longo prazo para chegar ao destino.

Se não se preocupar com as ondas imediatas, pode afundar o navio. Se preocupar-se excessivamente, pode sair da rota.

Dito de outro modo, se focar somente o destino, ficará cego ao iceberg à frente, se esquecer-se, ficará sem rumo e chegará onde não deseja.

Portanto, devemos ter equilíbrio para não nos deixarmos tragar pelas cobranças excessivas de curto prazo e esquecermos do rumo.

É evidente, portanto, que tudo começa com um plano.

Mas, como dizia Mike Tyson:

– “Todos têm um plano até tomar um soco na boca.”

O ano que se inicia demandará muito preparo de todos nós – não apenas para aguentar e revidar um soco na boca, mas para fazer um bom plano.

O PLANO BOM

Quando um cliente meu me diz sobre o que pretende fazer, em geral, as perguntas que faço em seguida são:

– E o que pode dar errado?

E o ajudo a pensar em um plano de contingência. Para se ter uma idéia da seriedade disso, tenho um cliente que é CEO para o continente americano de uma empresa chinesa e que se mudou para os Estados Unidos. A resposta a essa pergunta foi a construção plano emergencial de partida de lá caso os EUA e China entrem em guerra.

A segunda pergunta que faço é:

– E se você estiver errado?

A reflexão sobre esta questão faz o executivo construir um seguro.

Do mesmo modo que ninguém deseja bater o carro, ninguém espera que seu plano acabe em um desastre. Mas, é uma ilusão achar que todos os eventos podem ser previstos e controlados, por essa razão que existe o seguro. Isto é, para abortar o plano, se necessário e voltar para a prancheta com tempo e recurso para recomeçar.

QUAIS AS CONDIÇÕES DADAS?

Um bom plano deve levar em conta o contexto no qual será executado.

Um executivo deve sempre se preocupar com a performance financeira e, portanto, deve saber em que momento do ciclo econômico estão o mundo, o país, seu mercado e, é claro, sua empresa.

O mundo está no topo de um ciclo de expansão econômica, fruto de medidas tomadas para consertar a crise de 2008, cujo estopim foi a quebra da bolha imobiliária americana criada por empréstimos a indivíduos sem mínimas condições financeiras para arcar com eles.

E esta bolha surgiu devido à quebra de empresas de comunicação e “ponto com” do ano 2000, que fez o banco central americano injetar grandes somas de moeda – que foram parar no mercado imobiliário.

Portanto, o momento atual é recheado de bolhas que podem estourar a qualquer momento: mercado imobiliário, principalmente de imóveis comerciais nos Estados Unidos e China, mercado acionário, títulos públicos, empréstimos generalizados entre outros.

Então este cenário quer dizer que estamos às vésperas de uma grande crise.

Em primeiro lugar, fuja de qualquer um que diz saber o dia e a hora que uma crise vai começar. Isto é impossível.

Você deve conhecer as condições que são dadas e agir de acordo, sem se preocupar muito com a data exata do que inexoravelmente vai acontecer.

Em um contexto desta magnitude, a prudência deve reinar pois pode varrer países inteiros quando se desdobrar no estouro de uma dessas bolhas – ou em todas simultaneamente.

Portanto, estude sobre investimentos fora do mercado financeiro, já que o contexto indica que o problema deverá começar por lá – principalmente nos títulos públicos americanos.

Em uma crise econômica vence quem é mais forte, isto é, quem tem o caixa mais elevado. Portanto, estude se é um bom momento para postergar empréstimos ou fazer inversões em expansões e dê preferência para a manutenção. Afinal, em uma crise, em geral, o preço dos ativos despenca e se você tiver caixa, poderá fazer inversões gastando menos.

O PARADOXO DO ESTILO DE LIDERANÇA

Se o mundo realmente entrar em uma grande crise econômica ou geopolítica – ou em ambas – os executivos terão um grande problema de liderança para resolver.

No Brasil, o estilo de liderança mais apreciado é o democrático, isto é, o brasileiro aprecia que você pergunte a ele o que acha a respeito de algo, mesmo que não entenda nada sobre o assunto.

O importante é expressar suas opiniões.

Entretanto, em um momento de crise, o estilo de liderança recomendado é o coercivo. Isto é, espera-se que um comando dado seja obedecido imediatamente pois há o risco de perder a empresa.

E o brasileiro odeia este estilo, principalmente as novas gerações que acham que tudo tem de ser compartilhado e discutido com todos – mesmo com aqueles que não estão qualificados para falar sobre o tema.

Imagine se você estivesse em um prédio pegando fogo e, para persuadir as pessoas a sair correndo – já que não pega bem você usar o estilo coercivo – tivesse de chamar todo mundo para uma sala e fazer uma reunião com comunicação não violenta questionando a todos sobre o que estão sentindo e como eles acham que devem sair do prédio?

Esse é o paradoxo que provavelmente muitos executivos vivenciarão – se não forem coercivos, perderão a empresa; se forem, perderão o time.

Não é a toa que, recentemente, um industrial me disse que começou a estudar a psiquê humana.

OLHO NAS ELEIÇÕES

Mas, voltando para a complexidade do contexto, você deve ter um olho na economia, especialmente no setor financeiro, e outro nas questões geopolíticas.

Lembre-se que um banco central, principalmente o americano, não pode gerar dinheiro sem um motivo. Por essa razão, vivemos um período de “policrises”. Isto é, vários temas são colocados como urgentes e importantes porque isso força o governo, principalmente o americano, a pedir ao FED – Federal Reserve, o banco central americano – para imprimir mais dólares para injetar na suposta solução do problema.

Seria bom se um banco central somente imprimisse moeda.

Mas, na verdade, o que ele faz é emprestar do contribuinte o valor que ele terá de pagar nos próximos anos na forma de impostos, especialmente pelo Imposta de Renda – o mais infame de todos os tributos.

Só nesta semana, o governo americano deu mais US$ 250 milhões para a Ucrânia – de onde ele consegue toda essa moeda? Dos pagadores de impostos americanos que arcam com essa dívida para os próximos anos – hoje, cada contribuinte americano deve US$ 250 mil – valor que aumenta a cada segundo, a cada dia. Você pode ver aqui: https://www.usdebtclock.org

O mesmo acontece no Brasil. Cada problema levantado e que se pede dinheiro do governo para solucionar, nada mais é do que um empréstimo nos ombros de cada pagador de impostos.

Entretanto, estamos em um ano eleitoral.

Nos Estados Unidos é ano de eleição presidencial e no Brasil é de municipal.

No que diz respeito à uma possível crise econômica, o governo americano atual fará de tudo para esconder os problemas.

O truque é bem simples, injeta-se moeda no sistema financeiro, faz ela ser direcionada para o mercado acionário e quando é questionado sobre os gravíssimos problemas econômicos aponta para o crescimento da bolsa.

Isto explica a função das policrises: criar necessidades para a emissão urgente de moeda.

Portanto, esteja de olho a cada questão geopolítica, quer seja uma crise sanitária, mudança climática, segurança cibernética e, principalmente, guerras.

Infelizmente vivemos em um mundo perverso no qual a guerra é o principal evento a justificar emissão descontrolada de moeda.

UM INDICADOR FUNDAMENTAL

Em geral procuro por analistas que são didáticos em explicar a história econômico-financeira, e que atuam no mercado – e não fazem somente análises a respeito dele.

O que vou escrever agora é um alerta dado repetidamente por Gregory Mannarino, trader americano:

A crise não começará no mercado acionário, mas no mercado de títulos públicos americanos.

Isto é, a bolsa de valores é um derivativo do mercado de dívidas – que é onde as moedas são criadas, como mencionei anteriormente.

Um indicador-chave para você acompanhar é a dinâmica dos juros do título de 10 anos americano – U.S. 10 Year Treasury . Se o FED conseguir manter este título estável, os mercados estarão equilibrados.

A crise começa quando o rendimento deste título – que é referência para o mercado – começar a subir de maneira descontrolada, isto é, passar de 3,86% para 4; 4,5; 5, 8, 12 etc.

Além disso, fique de olho também no valor do dólar em relação a outras moedas. Enquanto o dólar estiver estável, os países estarão bem. Quando ele subir muito, todos sentirão o problema.

E, por último, o preço do barril de petróleo: mantendo-se nos níveis atuais ou abaixo, a economia estará estável. Se subir descontroladamente, o resultado é uma crise.

De fato, se você observar os momentos nos quais as bolsas caem significativamente, verá que é como resultado da dinâmica dos juros dos títulos articulada com o valor do dólar e do barril de petróleo.

Comece a olhar para esses indicadores e verá que o mercado acionário é derivado deles. Aliás, praticamente todos os mercados derivam desses três fatores.

O PREPARO E A ESPERA

Diante de tudo isso, 2024 é um ano para o qual você deve se preparar para ser um executivo com grande capacidade de liderança, principalmente para as mudanças bruscas, mas isso pode demorar a acontecer – lembre-se que a eleição americana somente ocorre no quarto trimestre.

É uma situação muito semelhante a um pelotão que deve estar pronto para o combate, mas tem de ter nervos de aço para esperar o momento da batalha.

Neste contexto o executivo será exigido ao seu máximo de habilidade, conhecimento, domínio emocional e, por que não? Espiritualidade. Isto é, será exigido o máximo de sua musculatura executiva.

Lembro-me que, ao observar Senna iniciar seus anos de ouro na McLaren, nos treinos para Spa Francorchamps, o engenheiro da equipe veio correndo para mostrar a telemetria para Ron Denis – chefe da equipe – que, sem ver os números disse:

– Eu sei…

O que ele sabia, ao ver Ayrton pilotar no desafiador circuito de Spa, era que Senna havia freado, acelerado, pisado na embreagem, virado o volante e trocado de marcha… tudo ao mesmo tempo.

De certo modo, é como vejo o que 2024 vai demandar de todos nós e dos executivos em particular.

Fazer tudo o que for possível para controlar o carro em um circuito muito rápido e perigoso.

Mas, não se preocupe! Ao recordar as palavras de outro campeão da fórmula 1, Mario Andretti, podemos diminuir nossa tentação de querer controlar tudo:
– “Se você tem tudo sob controle, é porque não está indo rápido o bastante.”

Portanto, se 2024 será uma volta arriscada, mantenha a espiritualidade em alta, o otimismo sempre ligado e lembre-se, para cada crise há sempre uma oportunidade escondida esperando para ser encontrada.

Que você seja capaz de encontrar a sua oportunidade em 2024 que, apesar de começar em uma condição desfavorável, é mais um ano para realizar a vida que tanto deseja.

Faça valer a pena!

Desejo a você e sua família um ano de muitas bençãos e paz!

Um grande abraço e vamos em frente!

Silvio Celestino

Sócio-diretor da Alliance Coaching

silvio.celestino@alliancecoaching.com.br