UM LÍDER TEM DE SER PRUDENTE COM AS IMPLICAÇÕES DAS MOEDAS DIGITAIS

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UM LÍDER TEM DE SER PRUDENTE COM AS IMPLICAÇÕES DAS MOEDAS DIGITAIS

Para ouvir este texto, clique aqui: Podcast O EXECUTIVO


Se você perdeu o excelente podcast com o Sócio-Fundador e CEO da Prime Marketing Multimídia, Pedro Mendes, assista ao clicar na imagem abaixo.


Uma das orientações mais prudentes para a gestão do tempo é você inserir os compromissos que são importantes e não são urgentes o mais rápido possível na agenda.

Isto minimiza transformar eventos importantes em urgentes também.

Um dos temas que mais insisto que o executivo se interesse e insira em sua agenda, é sobre o funcionamento do sistema financeiro internacional pois é ele quem dita regras que afetam os países, mercados, empresas e pessoas.

MOEDA DIGITAL: UM TEMA IMPORTANTE

Este é assunto crítico, mas que somente entra no radar de muitos líderes quando uma crise se instala na economia.

Entretanto, ao longo das décadas, as crises estão cada vez mais devastadoras e é provável que a próxima seja relevante para a vida de muitas pessoas.

Os bancos centrais, especialmente o americano, se tornaram os verdadeiros governantes dos países, a ponto de Alan Greenspan, antigo presidente do FED, declarar que o relacionamento ideal do FED com o governo é aquele no qual nenhum outro órgão do governo pode desfazer uma decisão do Banco Central Americano.

Não apenas nos Estados Unidos, mas em praticamente todos os países, os bancos centrais gozam de um respeito indevido.

A maioria das pessoas não sabe o que fazem e muito menos o porquê de sua existência.

A perspectiva que gostaria de ressaltar aqui surgiu devido ao anúncio no último dia 7, da nova moeda digital brasileira – DREX – por Digital, Real, Eletrônica e para transações (eXchange em inglês).

A live realizada pelos executivos do banco central foi de uma sinceridade desconcertante.

Foram muito felizes em sintetizar os benefícios da moeda digital: velocidade, segurança e sigilo.

Mas, se furtaram de esclarecer os problemas escondidos em sua adoção.

NINGUÉM FOI CONSULTADO

O primeiro problema é que a população não foi consultada para saber se ela deseja ter uma moeda digital e passar a fazer operações que já realiza com os bancos e outros players do mercado dentro de sistemas do banco central.

SIGILO TABAJARA

Não deixa de ser paradoxal afirmarem que o sigilo é algo importante e que somente podem fazer o que a Constituição permite, dez dias após o COAF revelar dados confidenciais de transações realizadas nas contas do Presidente Bolsonaro.

Se até um presidente tem esse nível de insegurança sobre sua conta, imagine o resto da população em um sistema totalmente dentro de um órgão do governo.

CONCENTRAÇÃO DE PODER

A população também não foi consultada para saber se desejava que juízes tivessem o poder de bloquear eletronicamente fundos em bancos, inclusive privados.

Imagine esse poder com as moedas digitais.

MOEDA À VONTADE

Mas, o momento de maior sinceridade da live foi quando perguntaram aos executivos do BC se a moeda digital evitaria a corrida aos bancos na eventualidade de uma crise financeira e bancária.

Aos 33m50s da live, a resposta foi:

“O DREX tem todos os mecanismos para você colocar moeda onde você precisar na hora que for necessário… que hoje a gente tem dificuldade para fazer isso.”

“A gente vai ter mecanismos para prover liquidez na hora que houver necessidade.”

Ou seja, o banco central poderá emitir moeda em acordo com suas necessidades, fazendo algo que o FED faz hoje, sem nenhuma supervisão, com todos os danos que causa na economia dos países.

PROGRAMANDO SEU COMPORTAMENTO

É claro que a perspectiva que é dada sobre a possibilidade de a moeda digital ser programada e permitir contratos inteligentes é a mais positiva possível.

Entretanto, imagine o que acontece se um governo maldoso, perdoe o pleonasmo, decidir bloquear o uso da moeda porque você não está se comportando com ele deseja.

Ou ainda, proibir você de investir em determinados ativos e ainda obrigá-lo a gastar sua moeda depois de certo tempo para estimular a economia.

Tudo isso é possível com uma moeda exclusivamente digital.

SEM ENERGIA, SEM MOEDA

Em uma semana de apagão, fica claro que a existência de moeda exclusivamente digital é um risco permanente em um país que insiste em governos que já demonstraram no passado – e em inúmeras ocasiões – sua total incompetência para gestão de energia.

Viveríamos em um país onde sem energia, sem moeda – também mais uma forma violenta de se controlar as transações.

Portanto, o assunto é muito importante para você, sua liberdade e para a empresa do que simplesmente aceitar a DREX por sua evidente comodidade.

Não sou contrário à moeda digital, mas ao seu controle pelo governo e manutenção do sistema de moeda fiduciária – isto é, lastreada por dívidas públicas pagas pela população, que também não foi consultada para isso.

Ao longo dos últimos 5.000 anos, todos os sistemas nos quais as moedas perdiam valor, cedo ou tarde retornaram ao ouro. Novamente ouço as vozes dizerem: desta vez é diferente.

Mas, 50 séculos desmentem essa possibilidade.

POR QUE ESTE É UM TEMA DE LIDERANÇA?

Este tema diz respeito à liderança porque a principal perspectiva que mede o resultado da empresa é a financeira.

Se um líder não for alguém capaz de compreender o sistema financeiro internacional, acompanhar as decisões dos bancos centrais e refletir sobre as consequências delas em seu negócio e investimentos pessoais, tomará decisões ou se deixará levar por idéias sobre as quais nunca refletiu com profundidade.

O próprio fato de a população não ter sido consultada para essa mudança e não compreender a profundidade dela, principalmente se a moeda digital se tornar a única aceita no país já é motivo para interrompermos seu desenvolvimento e aplicação.

No mundo todo cresce a rejeição à moeda digital controlada por bancos centrais, a ponto de Estados como Texas, Louisiana, North Dakota e Flórida estarem propondo legislações que a proíbam. Países como Japão, Equador, Dinamarca e Finlândia também estão repensando sua adoção.

Existem muitas armadilhas neste caminho, sendo o controle total das pessoas pelas finanças a maior delas. Não adianta o banco central dizer que somente será feito o que a Constituição permitir. Nós brasileiros sabemos muito bem que certas pessoas não a respeitam e estão cheias de poder.

Sejamos prudentes.

Um grande abraço e vamos em frente!

Silvio Celestino

Sócio-diretor da Alliance Coaching

silvio.celestino@alliancecoaching.com.br