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Na última semana, entrevistei o sócio-fundador da Figtree Capital, Flávio Muniz. Fizemos uma análise do mês de junho para os investimentos e o que esperar de julho.
Assista ao clicar na imagem abaixo. Você é muito bem-vindo!
Um coordenador de fábrica, ao querer mostrar que as coisas são relativas, me deu o exemplo de duas pessoas que encontram um número 6 escrito no solo.
Entretanto, uma delas se aproxima do número por baixo e, de fato, lê o número 6. Já a outra, se aproxima por cima e, portanto, lê o número invertido, isto é, 9.
Percebi que se achava muito racional ao descrever que ambos não deveriam entrar em um debate a respeito daquela imagem, já que era claro que a interpretação dependia da posição de quem a observava.
Entretanto, lhe fiz a seguinte indagação:
– Qual pergunta não foi feita para saber a verdade a respeito daquele número?
Ele refletiu um pouco e disse:
– Qual a sua posição em relação à imagem?
Disse-lhe que era uma boa pergunta pois, sem dúvida, essa questão o permitiria convidar as pessoas a mudarem de posição para enxergar com os olhos de outra.
Insisti para que refletisse sobre que outra pergunta ele sugeriria.
– Qual o viés de quem está enxergando a situação?
Respondeu.
De fato, é provável que a reluta de um indivíduo em se colocar na posição do outro revele um viés em seu pensamento que não deseja renunciar ao observar a realidade.
Novamente o convidei a refletir sobre qual pergunta não está sendo feita para compreender a situação.
Após algum tempo de reflexão, o coordenador percebeu que todas as perguntas que conseguia criar giravam ao redor do mesmo tema: a posição relativa das pessoas determinava se ela leria seis ou nove.
Foi então que lhe expliquei que a pergunta que faltava fazer era:
– Qual a intenção de quem escreveu aquele número no chão?
Entre as possibilidades estão:
- O escritor quis escrever seis.
- Ele quis escrever nove.
- Ele quis ensinar às pessoas que sua posição em relação a um fato determina como ela vê a realidade.
- Ele quis que quem analisasse esta situação fosse induzido a concluir que a verdade é relativa.
Portanto, é fundamental descobrir a origem daquela situação e os motivos de quem a criou.
Em uma escala maior, esta falta de interesse em descobrir a intenção das pessoas é o que tem feito massas inteiras de indivíduos serem conduzidas a enganos de interpretação e que as faz agir em acordo com os interesses daqueles que as induziram ao erro.
Mas, por outro lado, não é incomum observar executivos que estão com medo de serem interpretados erradamente e rotulados de algo negativo simplesmente por usarem uma ou outra palavra “proibida”.
É como se a palavra tivesse deixado de exercer os seus papéis de signo e significado e passasse a ser o referente, isto é, a coisa real.
Isto é, como se a palavra cachorro mordesse.
Mas, que mundo louco é esse em que nos metemos?
Lembro-me de certa vez, em um churrasco na casa de um amigo, estava um casal com sua filhinha bebê e ela estava no colo da mãe.
De repente a criança começou a chorar.
A mãe passou a bebê para o pai, mas não adiantou.
Voltando ao colo da mãe, ela examinou se havia alguma necessidade de trocar a fralda e nada. A temperatura da criança também estava normal e ela também não estava suando.
Enfim, nada parecia de errado com a criança, até que os pais decidiram colocá-la na cadeirinha para ver o que poderia estar acontecendo e ela parou de chorar imediatamente.
Ao que tudo indica, ela simplesmente estava cansada de estar no colo dos pais.
O que me chama a atenção é o esforço que fazemos para entender um bebê até achar qual sua intenção quando ele chora, ou aponta um objeto, mas perdemos essa caridade ao interpretar as falas de um adulto.
É como se fôssemos vistos como máquinas infalíveis com o talento, o tempo e a ocasião para encontrar as palavras perfeitas para expressar nossas emoções, informar ou fazer um apelo.
EXECUTIVO ENRIJECIDO NÃO VÊ A VERDADE
Em uma sociedade que se enrijece, ao dar às palavras uma interpretação única, fica claro a intenção de certas pessoas que desejam controlar outras por meio da linguagem.
Fingem indignação e dizem haver ofensas em situações onde há apenas o esforço de alguém em descrever a realidade e se fazer entender.
A situação chegou a tal ponto onde uma simples piada é considerada uma ofensa mortal, como se fosse possível fazer uma piada sem ofender a alguém, ridicularizar uma situação, exagerar um fato ou interpretar de maneira errada uma fala para ser engraçado.
Sílvio Romero, autor do livro “História da literatura brasileira”, nos ensina que, desde o início da nossa colonização, os índios e negros ridicularizavam os brancos e vice-versa, em brincadeiras mútuas sobre seus hábitos e comportamentos e que chegam até os dias atuais na forma de um relacionamento amistoso e engraçado que vemos com frequência em ambientes tão simples quanto uma padaria.
QUAL A INTENÇÃO?
Portanto, principalmente para os líderes executivos, é fundamental ter o desejo genuíno de compreender a fala de alguém e procurar descobrir qual a sua intenção e que, por vezes, está sendo expressa de maneira imperfeita.
Sem essa boa vontade os diálogos se tornam ásperos, limitados e vazios de significados reais e cheios de falsas interpretações.
No pior caso, a comunicação pode cessar e aí o líder estará sem as informações que precisa para a tomada de decisão.
CUIDE DO GRAMADO
Por isso, você deve considerar a comunicação como um gramado entre você e a pessoa com que deseja falar.
O caminho será onde vocês pisarem.
Haverá momentos onde as pegadas serão retas e diretas; e outros onde elas farão um caminho sinuoso e longo para chegar até você. Em qualquer dos casos, mantenha a grama regada para que as pessoas possam pisar com serenidade e saber que chegarão até você.
Pois, quanto mais seguras elas se sentirem na sua presença para falar o que está acontecendo, de como se sentem e informar-lhe, mesmo que de um problema grave ou um erro, mais conhecimento sobre a realidade você terá.
E é a partir dele que você enxergará um cenário mais claro para decidir e acertar.
Portanto, não deixe seu regador distante.
Conte comigo para isso e vamos em frente!
Silvio Celestino
Sócio-diretor da Alliance Coaching