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Ontem, dia 23 de junho, participei do evento Café&Insights da Manpower e junto com Wilma Dal Col e Karina Freitas, conversamos sobre vulnerabilidade e liderança.
Ao dar a palestra sobre o tema na perspectiva dos altos executivos, meu propósito foi mostrar a importância de descobrir o contexto no qual um erro acontece e observar que para cada um de nós há a necessidade de reabsorvermos as circunstâncias se desejarmos crescer em direção à vida, à carreira ou ao resultado que desejamos.
Reabsorver é aceitar aquela circunstância como parte de nossa história e, de algum modo, torná-la uma pedra sobre a qual faremos nossa vida acontecer na direção que desejamos.
Mas, quem está apto a fazer isso?
O LÍDER TEM DE ESTAR ATENTO
Em essência, é o líder que é capaz de observar as transformações ao seu redor.
Ou seja, ele possui radares que o informam de que algo diferente se aproxima. Alguma idéia, tecnologia, discurso ou comportamento sofreu modificação e ele consegue perceber por mais sutis que sejam.
Quanto mais cedo um gestor percebe algo, mais tempo possui para lidar com ele.
ESTUDAR COM PROFUNDIDADE
O primeiro passo é aprofundar-se para compreender os princípios e fundamentos do que aconteceu.
Procure responder à pergunta: esta mudança foi um evento casual ou planejado?
E se foi planejado, por quem? Com quais intenções?
Lembre-se que o mundo empresarial em particular possui interesse em direcionar o público para uma idéia que possa fazê-lo, por exemplo, chegar à conclusão de que precisa de um certo produto ou serviço.
Para que isso aconteça, é preciso mexer com a percepção das pessoas a respeito de algo.
É evidente que, neste momento, por exemplo, há uma discussão intensa sobre o uso da inteligência artificial, em um espectro que vai desde indivíduos que a consideram útil e aplicável sem muitas restrições, até aqueles que a consideram um meio de destruição da humanidade.
CLASSIFICAÇÃO DO QUE ACEITAR
Este estudo deve levar o líder a classificar se essa modificação ocorrida no campo das idéias, comportamentos, tecnologias ou discurso deve ser aceita ou rejeitada, no todo ou em parte.
Preocupa-me uma certa idolatria à mudança que ocorre no ambiente empresarial com o lema: “o mundo mudou, temos de mudar também”.
Sim, mas quem mudou o mundo?
De onde vem essa mudança e qual sua intenção? Ela é benéfica para nossa empresa, para as pessoas, nosso mercado e o país? Como fica nossa cultura? Como ficam nossas tradições?
Uma vez que você tem essa consciência é que você pode aceitar a mudança e incorporá-la ou rejeitar e decidir o que fazer.
É evidente que, devido ao poder financeiro por traz de certas idéias que queremos rejeitar, sabemos que vamos perder a guerra.
Mas, você tem de estar consciente da coragem que deve acompanhar o líder para lutar as batalhas necessárias e não apenas aquelas que tem certeza da vitória – afinal, o que seria da cristandade sem os milagres?
AJUDAR OS DEMAIS A SE TRANSFORMAREM TAMBÉM
É a partir dessa base que o líder tem condições de transformar sua liderança em acordo com suas conclusões e auxiliar os outros a se transformarem em novos líderes.
Portanto, um líder transformador é acima de tudo um educador.
E educar leva tempo.
Mesmo que se canse de repetir certas idéias para um profissional e chegue à conclusão de que deve demiti-lo, adivinhe o que terá de fazer com o novo que chegar?
Exato! Repetir pacientemente as idéias até que o novo profissional as absorva e seja capaz de realizar o que você deseja.
Querer que a empresa ou o departamento funcione sem a sua presença como gestor é uma vontade sedutora, mas também é uma ilusão na maioria das vezes.
Em geral, quando um líder se afasta de sua posição, o mais comum é as operações fenecerem.
É por isso que a formação de líderes é algo tão complexo e perecível.
Por melhores que sejam os processos de desenvolvimento, o mentor, ou a estrutura disponível para essa formação, o resultado é incerto no longo prazo.
O mais recomendável é a supervisão da geração anterior em uma articulação com a nova para que a experiência, o conhecimento e as melhores práticas sejam absorvidas em um processo contínuo e lento.
Muito da vulnerabilidade que vemos hoje acontecer nas empresas está no desejo de que um jovem líder seja capaz de fazer coisas que são reservadas àqueles mais experientes.
Se soubermos ordenar o que cabe a cada geração de profissionais, o desenvolvimento terá uma cadência mais segura e capaz de conscientemente aproveitar todas as transformações ao redor em favor da empresa, seus acionistas, dos executivos, seu time e suas carreiras. Acima de tudo, a favor de nossos clientes.
Pense nisso antes de aceitar sem refletir as mudanças.
Seja você também um corajoso líder transformador de sua vida.
Conte comigo para isso e vamos em frente!
Silvio Celestino
Sócio-diretor da Alliance Coaching
