PREVER E PREPARAR-SE, COMPETÊNCIAS FUNDAMENTAIS PARA O SUCESSO DO EXECUTIVO

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PREVER E PREPARAR-SE, COMPETÊNCIAS FUNDAMENTAIS PARA O SUCESSO DO EXECUTIVO

Para ouvir este texto, clique aqui: episódio 39 do podcast O EXECUTIVO

 

Certa vez, li um artigo na revista Reader´s Digest, que falava sobre um habilidoso neurocirurgião e sua enorme competência nas operações que realizava.

Ele explicava que desenvolvia suas habilidades com o estudo contínuo, a troca regular de conhecimento com seus pares e antigos professores, a avaliação clínica e os exames pré-cirúrgicos. Mas, que era fundamental estar preparado para a eventualidade de algo grave acontecer.

No artigo, ele relembrava uma cirurgia que teve de fazer onde havia uma alta probabilidade de uma veia se romper.

Isso causaria um problema para sua visão da região operada e, portanto, o rompimento deveria ser sanado com velocidade.

Então, ao preparar-se, ele reservava um tempo para imaginar como deveria ser a sequência de acontecimentos e procurava entrar na cirurgia com o espírito pronto para ter de lidar com uma adversidade tão grave quanto esta.

Segundo ele, de fato, o rompimento ocorreu e ele seguiu à risca tudo o que planejara e salvou o paciente.

2023 está se tornando um ano como esta cirurgia: coisas gravíssimas podem ocorrer e você tem de estar preparado.

Infelizmente, como executivos, somos cobrados a respeito de tudo que acontece na empresa.

Justamente por conta do tempo necessário para estar à par do que ocorre internamente, temos muita dificuldade para olhar para fora e ver questões que vão pelos países e mercados.

Entretanto, esse é um desafio que não pode ser negligenciado: o executivo tem de se interessar pelas questões do sistema financeiro internacional e pela geopolítica.

Pois são essas questões que gerarão os seus problemas futuros.

Na semana passada, enquanto escrevia o texto sobre “sacrifícios” chegavam as notícias sobre a quebra do Silicon Valley Bank – na Califórnia.

De lá para cá, foi fechado o Signature Bank em Nova York, o Credit Suisse está recebendo um auxílio de US$ 54 bilhões do Banco Central do país e grandes bancos tentam resgatar o First Republic, também na Califórnia, com uma injeção de US$ 30 bilhões.

Os reguladores bancários, presidentes de bancos centrais e políticos, com Joe Biden, estão em meio ao teatro de dizer que confiam na robustez do sistema bancário, que eles possuem as ferramentas necessárias, que os problemas já foram contidos e que devemos seguir em frente. A mídia tradicional trata de dar eco a esse teatro fingindo que não há nada de grave no horizonte.

Mas, se não há nada de importante à nossa frente, por que as taxas de juros dos títulos públicos americanos não retornaram ao patamar anterior à notícia de quebra do Silicon Valley?

Se um avião passa por uma turbulência e cai dezenas de metros, o normal não seria ele voltar para a altitude anterior à ela?

Mais estranho ainda é você imaginar que seja habitual ver títulos de longo prazo com taxas de juros menores que os de curto prazo. Afinal, se você vai emprestar para alguém por mais tempo, o regular seria cobrar juros maiores em função do risco envolvido.

Portanto, aparentemente, os atores do mercado consideram que há algo errado e que este algo está próximo.

Além disso, toda crise financeira é uma crise de liquidez. Por isso o banco central americano – FED – roubou dos contribuintes, digo, disponibilizou para os bancos US$ 2 Trilhões em um programa especial de empréstimos.

AS CONSEQUÊNCIAS SÃO COMPULSÓRIAS

Se isso tudo lhe parece confuso demais para ser compreensível é porque você é uma pessoa normal. Esse sistema é propositalmente complexo para tornar opacas algumas operações onde, em geral, o contribuinte em particular e as pessoas em geral são lesadas.

Entretanto, você pode ignorar o sistema financeiro internacional, mas não pode ignorar as consequências de ignorar o sistema financeiro internacional.

FÓRUM ECONÔMICO

É difícil ao executivo preparar-se para uma crise econômica porque suas fontes de informação reverberam análises feitas por organismos como o Fórum Econômico Mundial.

Afinal, um fórum econômico deve ser bom em analisar a economia, certo?

Mas, se você ler o relatório do Fórum deste ano sobre perspectivas econômicas, não há menção a problemas dos pequenos bancos americanos ou da falta de liquidez sistêmica.

Também não há uma única crítica aos Bancos Centrais Americano e Europeu sobre sua atuação desastrada de emitir moeda e despejá-la na economia, causando a inflação e depois tentar controlá-la pela elevação mais desastrada ainda das taxas de juros.

Pelo contrário, eles dizem que a inflação é um desafio para os bancos centrais.

É o mesmo que dizer que cuidar da vida das galinhas é um desafio para as raposas.

Depois o relatório segue com platitudes e idéias imprecisas como, investir no futuro, tornar 2023 mais justo, inclusivo e sustentável.

Este mesmo fórum, que é econômico, previu com 20 anos de antecedência uma pandemia que nunca aconteceu antes, participou da confecção de idéias que prepararam governos e polícias de todos os países, treinou líderes como Trudeau, no Canadá e Macron, na França. E, de quebra, seus membros confiaram tanto em suas previsões que são acionistas de empresas farmacêuticas que se beneficiaram enormemente do evento.

Por outro lado, foram incapazes de ler relatório dos próprios bancos centrais que indicam sérios problemas no sistema financeiro.

Como você vai acreditar em conselhos vindos dessa fonte?

ESCOLHA BEM SEUS CONSELHEIROS

Se você morasse ao lado de um vulcão que pode explodir a qualquer momento é preferível você sair de perto dele um ano adiantado do que um minuto atrasado.

O mesmo ocorre com as crises financeiras.

Se por um lado você tem um pomposo Fórum Econômico Mundial, de outro você tem estudiosos pouco conhecidos e que fazem análises muito robustas e didáticas a respeito do que está acontecendo na economia.

Você deveria aprender com essas pessoas.

Michael Maloney, por exemplo, há década esclarece a respeito de como funciona a moeda fiduciária que nós usamos – aquela que é lastreada por dívidas – e como funcionava o dinheiro, com lastro em ouro.

E como este sistema atual terá um fim catastrófico.

Há três meses, Michael fez uma carta aberta ao Banco Central Americano dizendo que, se continuasse a elevar as taxas de juros na maior velocidade da história, algo quebraria na economia.

Foi exatamente o que aconteceu com o Silicon Valley Bank.

São estudiosos como ele, que têm a paciência de escavar relatórios dos próprios bancos centrais, descobrir o que estão fazendo e caridosamente explicar a você as consequências dessas ações que fazem a diferença na sua compreensão dos acontecimentos antes que eles o atinjam.

O MUNDO NÃO É TÃO SIMPLES

Vejo com preocupação que as pessoas ainda imaginam que o banco é uma espécie de cofre. Não sabem que, ao depositarem seu dinheiro, se tornam credoras do banco e que a lei diz que há garantia para depósitos limitada a até R$ 250.000,00, por CPF ou CNPJ.

Há outros detalhes e restrições nessa regra. Você tem de se interessar por eles se quiser estar consciente do que ocorre com seu dinheiro.

QUAL A DICA QUENTE?

Também me preocupa quando vejo pessoas perguntarem uma para as outras o que fazer com seu dinheiro.

Todo investimento é um plano e o instante, melhor dizendo, o segundo no qual ele é feito e no qual termina determinam se será bem-sucedido, ou não.

Portanto, não faz sentido você perguntar a alguém o que fazer com seu dinheiro sem estudar porque isso muda a cada segundo.

Só existe um investimento no mercado. Chama-se educação financeira.

Portanto, investir em fundos é bom ou ruim? Depende de seu conhecimento sobre fundos.

Investir em ações é bom ou ruim? Depende de seu conhecimento em ações.

Investir em criptos é bom ou ruim? Depende de seu conhecimento em criptos.

Vou dizer o que eu faço: olho para o que os bancos, inclusive os bancos centrais, fazem com o dinheiro deles, e procuro compreender e simular o que é possível dentro de meus escassos recursos.

Por exemplo, os bancos centrais compraram ouro em quantidade recorde na história no ano passado – isso deve significar alguma coisa, não?

CONFLITOS À VISTA

O Sistema Financeiro Internacional é formado por um tripé de moedas fiduciárias, sistema bancário por reserva fracionária e pelo acordo de petrodólar.

Repetindo, moedas fiduciárias são aquelas lastreadas por dívidas.

Sistema bancário por reserva fracionária é aquele no qual, ao depositar seu dinheiro no banco, ele pode reservar somente uma parte, uma fração do que você depositou em sua conta e fazer o que a lei permitir com o restante.

Ambos os mecanismos acima são altamente inflacionários.

E o acordo de petrodólar é aquele que obriga – apesar do nome acordo – os países exportadores de petróleo a vendê-lo por dólar exclusivamente.

Este último é causa de graves conflitos ao redor do mundo.

E você deve estar muito atento a eles.

As evidências cada vez mais claras de que foi Biden quem ordenou a explosão do gasoduto da Nord Stream 2 – da estatal Gazprom, da Rússia, e a emissão de um mandado de prisão contra Putin, pelo tribunal criminal internacional de Haia elevam em mais um grau as tensões entre as superpotências.

Isso também é um indicativo de problemas no Sistema Financeiro Internacional – pois, coincidência ou não, as grandes mudanças no sistema foram feitas em meio a conflitos gravíssimos. Não há por que acreditarmos que não o será de novo.

MUDANÇAS NÃO SOLICITADAS

Que mudanças seriam essas?

Mesmo que nenhum eleitor de qualquer país tenha pedido, há um forte movimento para a adoção de moedas digitais controladas por bancos centrais.

Isto impediria, por exemplo, que as pessoas sacassem seu dinheiro do banco livremente. Ou seja, os bancos seriam salvos de eventuais prejuízos, mas os correntistas seriam severamente punidos ao não ter liberdade de acessar seus próprios recursos.

Pior que isso, as moedas digitais são programáveis, ou seja, você pode trabalhar a vida toda para poupar e viajar a Paris, por exemplo, só para descobrir que o banco central pode impedir você de usar o seu dinheiro em um país diferente – ou comprar moedas de outros países.

Imagine ainda o nível de poder que você daria a pessoas que você não conhece e não elegeu, mas que estão em organismos como o banco central americano, FMI e BIS?

Essas mudanças, portanto, dizem respeito ao poder de controle que hoje está nas não de pessoas, grupos e famílias que lutarão para, não apenas não o perder, mas expandi-lo.

Não quero aqui, com esse texto, que você tenha medo, mas que tenha informação.

Pois é ela que lhe dará condições para estudar, refletir, aprender, decidir e agir em acordo com seus interesses e para a proteção de sua carreira, investimentos, negócios e família.

Em resumo, como o neurocirurgião do começo do texto, ser capaz de imaginar o que pode acontecer e preparar-se conscientemente para enfrentar os problemas que têm alta probabilidade de acontecer.

Conte comigo para isso e vamos em frente!

Silvio Celestino

Sócio-diretor da Alliance Coaching

www.silviocelestino.com.br

silvio.celestino@alliancecoaching.com.br

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