PARA CUMPRIR A MISSÃO, O LÍDER TEM DE FAZER SACRIFÍCIOS

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PARA CUMPRIR A MISSÃO, O LÍDER TEM DE FAZER SACRIFÍCIOS

Para ouvir este texto, clique aqui: episódio 38 do podcast O EXECUTIVO

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Falar de sacrifício na cultura do prazer em que nos metemos parece algo deslocado no tempo.

As pessoas estão preocupadas com o próximo restaurante, a próxima viagem ou experiência inesquecível.

Entretanto, não é difícil olhar para atletas de alta performance e surpreender-se pela vida de sacrifícios frequentes que levam para atingir seus objetivos: disciplina focada nos treinos duros, pouca ou nenhuma vida social, estudos em paralelo à rotina de uma forma pouco usual, exercícios exaustivos, estofo para lidar com críticas infundadas e assim por diante.

A vida executiva se parece muito com a de um atleta de alta performance. Isto é, para se obter uma diferença que fará o executivo ser bem-sucedido, existe um trade-off, um sacrifício a ser feito.

Por óbvio que pareça, não dá para encher a pança e emagrecer ao mesmo tempo.

Também não é possível começar a treinar pelas anilhas de 40 Kg.

Você precisa decidir onde quer chegar e desenvolver a inteligência, a mentalidade, e fortalecer o domínio emocional para chegar lá.

E isto precisa ser feito de maneira paulatina, ou poderá se meter em uma situação para a qual não possui a inteligência necessária para compreendê-la, não consegue ordenar os pensamentos e sinta um medo descontrolado. Ou seja, não possui a musculatura executiva necessária para enfrentá-la.

Em tempo de quaresma, é um bom momento para pensar no que é um sacrifício para você e submeter-se a ele voluntariamente.

Assim, quando um sacrifício imposto por Deus acontecer, você terá maiores condições de lidar com ele.

Imagine os sacrifícios que as pessoas estão tendo de fazer no litoral de São Paulo, após as enchentes devastadoras, ou na Turquia, após os terremotos?

Quem você acha que estará em melhores condições mentais e espirituais para enfrentá-los? Quem controla seus instintos, não se deixa levar pelos sentidos e possui uma fé maior? Ou aquele que ignora tudo isso e vive pelos prazeres?

Um líder executivo também deve se preparar para a eventualidade de ter de fazer sacrifícios.

APRENDER EXIGE SACRIFÍCIOS

Em nossa cultura, é tão difícil as pessoas se dedicarem à leitura de um livro clássico que eu começaria um exercício de controle pessoal por aí.

Para escolher qual clássico ler, comece pelo livro “Como ler livros” de Mortimer Adler. Você encontrará uma lista de 137 autores e seus livros principais – todos clássicos.

Adquira o que lhe parecer mais interessante e persevere.

Você vai se surpreender, pois alguns são mil vezes melhores que sua série preferida da Netflix.

O exercício é ler um certo número de páginas por dia. Por exemplo, algo como 40 ou mais páginas diárias.

CONTROLAR OS INSTINTOS

Conseguir controlar os instintos também é fundamental em momentos de desafios.

Sempre tive muitos problemas pulmonares. Quando em 1993 tive um pneumotórax – ruptura da pleura – sentia dores muito fortes e o médico me disse que, se ocorresse de novo eu teria de operar o pulmão.

Tive pela segunda vez e, embora as dores fossem menores, me sentia muito mal. Ainda assim, o repouso foi suficiente para recuperar o órgão.

Meu instinto dizia que não devia operar.

Mas, quando tive pela terceira vez, apesar de não estar nem um pouco com vontade de fazer a cirurgia, percebi que teria de vencer meu instinto de fuga daquela situação.

Não vou entrar em detalhes sobre a cirurgia, mas foi bem-sucedida. Ainda assim, levei meses para acreditar que estava curado.

Portanto, você deve decidir livremente, em acordo com sua moral, se deve ou não fazer algo. E não se deixar levar prisioneiro do medo ou desejo.

CONTROLAR OS SENTIDOS

Ainda usando o mesmo exemplo, me lembro das palavras de meu médico quando acordei da cirurgia pulmonar, na UTI:

– Silvio, não tenho uma boa notícia para você. Seu pulmão é muito duro e você terá de fazer muito exercício para ele voltar a ter o tamanho necessário.

Isso significava que ele não me daria analgésico suficiente para acabar com a dor, mas para me manter acordado e eu ter de andar e fazer exercícios regulares para expandir novamente o pulmão.

Apesar de ter sido muito duro comigo naquele período, a recuperação de meu pulmão foi completa. Lutar contra dores, o desconforto, a falta de sono, tudo isso pode fazer de você uma pessoa mais bem preparada para quando tiver de enfrentar sofrimentos ou ajudar outros a passar por eles.

Como mencionei a quaresma, para os católicos, principalmente os não-praticantes (se é que existe um católico não-praticante), é o momento para exercitar o jejum. Ele lhe dá uma grande capacidade de controlar seus sentidos. E como é voluntário, você sempre pode dosar em acordo com sua capacidade.

Claro que não deve fazê-lo por este motivo, mas por Deus, para oferecer-lhe em penitência. A consequência acima é um bônus a ser obtido, além de treinar a temperança que mencionei no artigo anterior.

POR QUE FALAR SOBRE ESTE ASSUNTO?

Enquanto escrevo este texto, escuto maiores detalhes sobre a quebra do Banco SVB – Silicon Valley Bank – da Califórnia. A pior desde a quebra do Lehman Brothers em setembro de 2008.

Como escrevi na semana passada sobre a falta de inteligência daqueles que governam o Sistema Financeiro Internacional , é um tanto evidente que a velocidade com que elevaram as taxas de juros foi excessiva e que algo quebraria.

A secretária do Tesouro Americano – Janet Yellen – já começou o teatro de dizer que ‘confia nos reguladores bancários” e que o “sistema é resiliente”. Semelhante a Ben Bernanke que, diante da quebra do Lehman Brothers, dizia que a crise dos emprestadores subprimes estava “contida”.

E deu no que deu.

Bernanke, à época, era presidente do FED – Banco Central dos Estados Unidos.

O que deve acontecer é que, após os correntistas do Silicon Valley Bank correrem para tirar suas economias de lá, os correntistas de outros bancos farão o mesmo. Isto é um terror para o sistema bancário por reserva fracionária em que vivemos – isto é, aquele no qual o banco mantém disponível somente uma fração do que o correntista deposita, o transforma em credor e usa o resto em acordo com seus interesses.

Mesmo que você seja consciente de que isso não deve ser feito, não tem como convencer aos demais a não o fazer. Então torna-se uma bola de neve que conduz à falência do banco.

No caso em questão, a própria Bloomberg reportou que o JPMorgan estava orientando a seus clientes a moverem seus fundos do Silicon Valley Bank para preservarem seus ativos. Alguns investidores importantes também orientaram startups a retirarem seu dinheiro de lá. Ou seja, não foi apenas um problema interno ao banco, mas questões externas pouco comum de serem anunciadas.

Junte-se a isso o recrudescimento das questões geopolíticas, especialmente a guerra na Ucrânia, e torna-se real a possibilidade de entrarmos em uma crise de grande escala e que exigirá sacrifícios da maioria.

Por isso, pense no que pode fazer para aumentar seriamente sua resiliência e tornar-se mais forte nas esferas mental, física e religiosa, pois, quando problemas financeiros o atingirem são elas que lhe sustentarão de maneira segura até recuperar-se.

Lembre-se que vencerá o período de adversidade aquele que durar mais, e dura mais quem é mais forte.

Portanto, fortaleça-se!

Conte comigo para isso e vamos em frente!

Silvio Celestino

Sócio-diretor da Alliance Coaching

www.silviocelestino.com.br

silvio.celestino@alliancecoaching.com.br

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