PREPARE SUA CARREIRA PARA A RECESSÃO

Você já percebeu que algumas startups estão cortando empregos?

E que até mesmo uma gigante americana do setor de cosméticos pediu concordata, a Revlon?

Diante desses eventos, não estaria na hora de você começar a pensar no que faria se uma situação dessas atingisse a sua empresa?

Não deixe para refletir sobre isso somente quando for demitido. Por melhor que seja sua situação atual, faça um esforço para ter uma espécie de seguro contra isso.

O CENÁRIO

No momento em que escrevo este texto, estou em Gonçalves, cidade ao sul de Minas Gerais. Quando perguntei ao dono da pousada onde ele recomendava abastecer, me indicou um posto logo após a divisa com São Paulo, pois o ICMS aqui está mais caro que lá – quase R$ 1,00 a mais por litro.

Esta preocupação em economizar no combustível é só um exemplo de como aparece na prática o principal elemento do cenário que enfrentamos: a inflação.

Infelizmente ela deve recrudescer ainda mais.

Por conta disso, se o que a sua empresa vende não é um produto essencial e com preço atrelado à inflação, prepare-se para ver o valor relativo de seu salário diminuir.

Para piorar, como os custos da empresa aumentarão, é provável que terá de promover demissões e, portanto, certifique-se de que você é relevante o bastante para a companhia.

HORA DE AJUDAR A EMPRESA A REDUZIR CUSTOS

O primeiro setor que absorve a inflação é o de energia – petróleo, gás, eletricidade etc. Como não há como a empresa funcionar sem energia, terá de reduzir custos em outras áreas.

Mesmo que companhia tenha alguma idéia de como fazer novas receitas, reduzir custos é importante para que ela ganhe tempo e fôlego para implementá-la.

Para ser franco, como falávamos de trabalho híbrido no texto anterior, manter os profissionais em casa é uma forma de reduzir o custo com energia da empresa – fale a verdade, você que gosta de ficar em casa nunca pensou em um argumento tão bom, não é mesmo?

AJUDE OS VENDEDORES

Se você acha difícil ter de reduzir custos é porque não tem idéia do que os vendedores de sua empresa passarão.

Em tempos assim, todos os clientes pedirão menores preços e maiores prazos, cancelarão pedidos e postergarão pagamentos. Seja qual for seu setor dentro da empresa, veja o que pode fazer para ajudar a seus vendedores, eles precisarão de muito apoio para poder fazer seus trabalhos.

Caso ainda não tenha percebido, seu salário depende do sucesso dos vendedores da empresa.

E SUA CARREIRA?

Bem, até aqui escrevi somente o que você pode fazer para manter-se no mesmo local e agregar valor às necessidades da companhia em meio à recessão.

Mas, prepare-se para fusões, pois esta é uma das maneiras mais comuns das empresas cortarem custos. E quando digo prepare-se, é porque, em geral, as pessoas se tornam tribais nessas situações.

Portanto, se quiser se destacar, seja cooperativo e brutalmente honesto consigo mesmo quanto às suas reais possibilidades de ficar na companhia.

Se você precisar mudar de empresa, procure por aquelas que estão atreladas a commodities ou que são fornecedoras de companhias relacionadas a elas.

Ocorre que, assim como o setor de energia, as commodities absorvem a inflação primeiro e, portanto, empresas neste setor terão excelentes oportunidades de carreira no médio e longo prazo uma vez que o Brasil é um grande produtor de commodities metálicas e agrícolas.

Outro setor muito favorecido é o de manutenção pois as pessoas e empresas não deverão comprar equipamentos novos e, portanto, precisarão de serviços e peças de manutenção para os que possuem.

SUA CARREIRA É UM INVESTIMENTO

É claro que você pode sempre se atualizar, aprender inglês (o que é fundamental), fazer cursos de pós-graduação e especializações. Aliás, aproveite essas oportunidades para aumentar e aprimorar seu networking.

Mas, para se manter em uma empresa você deve olhar para o mercado dela e qual sua responsabilidade perante a companhia.

Sei que há muitos temas atuais considerados relevantes para as organizações, mas o foco em meio a uma crise é a sobrevivência e, portanto, você deve avaliar sua capacidade de aumentar receitas, reduzir custos ou realizar alguma melhora tangível de algum produto, processo ou serviço.

O QUE CONTA NÃO É O QUANTO VOCÊ GANHA

Recentemente ouvi a história de um C-level que mudou de empresa e que tinha somente três meses de reserva financeira. Para alguém com rendimento tão alto é espantoso este fato em relação ao padrão de vida que leva.

Para não cair nessa armadilha, procure olhar para seus investimentos com cautela redobrada pois o que conta não é o quanto você ganha, mas o quanto preserva do que ganha.

Além disso, toda crise tem um quê de oportunidade. Procure interessar-se em descobrir qual é este lado pois, já que não dá para controlar a tempestade, é importante saber como enfrentá-la.

Espero sinceramente que a crise não atinja de maneira dramática seu setor, sua empresa e carreira. Mas, se esta possibilidade existe, prepare-se desde já.

Afinal, próximo a um vulcão, é preferível estar um ano adiantado do que um minuto atrasado quando ele explodir.

Conte comigo para ajudá-lo nisso.

Vamos em frente!