Para ouvir este texto, clique aqui: episódio 42 do podcast O EXECUTIVO
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Imagine uma cidade que fica próxima a uma linda montanha cujo topo fica encoberto pelas nuvens na maior parte do tempo.
Para chegar à montanha existem 10 estradas que saem da cidade, entretanto, somente uma leva realmente ao topo, as demais terminam em um abismo e, portanto, são muito bem sinalizadas a respeito de seu fim.
Em dado instante, um prefeito decide que devemos dar mais liberdade às pessoas, principalmente aos jovens, afinal, justamente as estradas mais belas – e que levam ao abismo, devido aos alertas de perigo, ficam pouco movimentadas.
Então ele determina a retirada de todos as placas de sinalização dessas rodovias que avisam sobre o abismo.
Qual será a consequência?
A sociedade atual e o mundo executivo se parecem com essa história.
Em algum momento do passado o homem tirou o eixo de sua atenção do que vem do alto e passou a fixar-se em si mesmo.
O resultado é que perdemos um patrimônio importante de conhecimento e de espiritualidade e focamos somente no material e nos sentidos.
Esse conhecimento, se compreendido, interiorizado, aceito e praticado em nossas decisões diárias, levariam o país e as empresas a águas mais seguras em comparação com as que navegamos agora.
ONDA DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Nas últimas semanas, em que há a maior onda dos últimos 3 anos de empresas ingressando com pedidos de recuperação judicial, observa-se claramente que o processo recupera a grande empresa em detrimento de seus fornecedores, especialmente os menores, que vão à falência – aliás, qual o equivalente para as empresas pequenas à recuperação judicial? Existe?
O que teria acontecido com o “amar ao próximo como a si mesmo”?
NÃO MENTIRÁS
Para piorar, muitos executivos de boa índole são forçados a perpetrar decisões perversas com fornecedores que são seus conhecidos de longa data. Mais que isso, foram eles os responsáveis por convencer esses fornecedores a assinar com a empresa que ora ingressa na recuperação judicial.
Isso quando não ocorre do próprio executivo ter sido enganado pela empresa com promessas do RH e do setor financeiro que não aconteceram.
Ninguém se lembra mais do “não mentirás”?
E ainda tem o bônus e o lucro passado dessas empresas que ingressaram em RJ por descobrirem inconsistências contábeis que, se tivessem sido registradas no tempo certo, mostrariam prejuízo e, portanto, não teriam distribuído bônus ou dividendos.
O que houve com o “não roubarás”?
Esses e outros exemplos mostram que estamos em um momento bastante difícil no mundo empresarial e que reflete o declínio de nossa civilização por ter se afastado de valores e conhecimento que são a sua base.
Se você não entende ao que me refiro, basta perguntar-se: estamos no ano 2023 de quê?
Nesta semana santa, em que celebramos a paixão, morte e ressureição de Nosso Senhor Jesus Cristo, é um bom momento para relembramos esses princípios que não são materiais e, portanto, perceptíveis pelo sentido.
A história da civilização cristã remonta os mesmos erros dos judeus que se esqueciam dos ensinamentos de Deus, caiam em desgraça para depois relembrá-los.
O poema de Luis Camões, “Sôbolos rios que vão”, fala sobre isso de maneira magistral.
Nós passamos pelo mesmo processo.
O GRANDE JEJUM
Se há um jejum que todos têm feito com disciplina, é o jejum da palavra de Deus.
Sem ela, a alma se esgota e a perversidade toma conta da rotina – o ocorrido em Blumenau é mais um dolorosíssimo exemplo do que está acontecendo no Brasil em particular, mas no ocidente em geral.
Voltando ao mundo executivo, devemos nos lembrar desse alimento e que temos um patrimônio ainda mais importante a nutrir e preservar.
O desejo de certos bilionários de dinheiro e poder ao infinito tem causado exemplos distorcidos para a vida e carreira de pessoas que são boas em sua essência, mas perderam o critério correto para suas decisões.
Evitar o sofrimento à custa do sofrimento de outros é um exemplo altamente condenável.
“Existem coisas essenciais que não se vêem e não se tocam como: amor, bondade, piedade, honestidade, pudor, esperança e fé.”
Destruir todo este patrimônio espiritual não nos fará mais ricos, felizes ou satisfeitos, o resultado será o mesmo que pegar uma das nove estradas da história do começo do texto: terminaremos em um abismo para nossa alma.
Não pense que isso significa gostar de prejuízos ou do fracasso, muito pelo contrário, mas é jogar o jogo da verdade no qual o lucro é verdadeiro – e não uma fraude – assim como a prosperidade e o bem comum.
Que tipo de gente quer ser reconhecida por parecer inteligente, rica e bem-sucedida, em vez de sê-lo verdadeiramente? Só os psicopatas e fracassados.
Sendo assim, como aconteceu no passado, precisamos escolher o critério que fez nossa civilização florescer, crescer e firmar-se. E este critério está disponível a todos que desejarem voltar seu eixo de atenção de si mesmos para o alto, isto é, para Deus e a eternidade.
É ele que nos levará a decisões que produzirão um balanço final verdadeiro muito mais relevante de ser buscado do que o empresarial. O bônus será eterno, assim como nossa felicidade.
Pense nisso ao decidir.
Uma feliz e abençoada páscoa a todos!
Vamos em frente!
Silvio Celestino
Sócio-diretor da Alliance Coaching
silvio.celestino@alliancecoaching.com.br
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