O BOM EXECUTIVO SE GUIA POR PRINCÍPIOS

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O BOM EXECUTIVO SE GUIA POR PRINCÍPIOS

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O que fizeram com nossos princípios?

Já em um dos últimos dias de minhas férias, o céu estava praticamente sem nuvens, a brisa suave e o calor convidativo para um banho de mar.

O sol brilhava forte e o caminho até o mar só fazia aumentar o desejo de lá chegar para refrescar-me.

Entretanto, ao aproximar-me da praia e ainda sem vê-la, senti o cheiro desagradável de fumaça.

Para minha surpresa, um jovem resolveu fumar seu charuto na praia.

Não sou contrário a isso por conta de um direito, afinal, a praia é um território onde as pessoas são livres para fazerem o que desejarem – desde que a lei não proíba, é claro.

A minha questão não é essa.

O meu ponto é que, desde sempre ouço a voz de minha mãe em minha cabeça dizendo:

– Não importune às pessoas.

E esse é um princípio que carrego comigo e ainda me surpreendo ao ver pessoas não o seguirem.

Este princípio, aparentemente esquecido na modernidade, me leva a ponderar sobre a tendência atual de resolver desagrados e inconvenientes através da criação de leis ou manifestações estapafúrdia, esquecendo-se de que a convivência harmoniosa muitas vezes exige um respeito mútuo pelas preferências e sensibilidades alheias.

Por exemplo, um bar é um espaço privado, entretanto, hoje o Estado diz que você não pode fumar lá. E as pessoas acham normal haver uma legislação que estabeleça o que deve ser feito em um ambiente privado.

Particularmente, devido a meus problemas pulmonares, eu não frequentaria um bar que permitisse que as pessoas fumassem. Mas, não faz o menor sentido o Estado dizer quem pode e quem não pode fumar em um ambiente que não lhe pertence.

É claro que em uma praia, o problema não é esse. Mas, de princípio.

SEU AGRADO PODE NÃO AGRADAR

Todos nós gostamos de coisas que nos são agradáveis, mas que são inoportunas e, por vezes, repulsivas a outros, então, por princípio, façamos no particular.

A música que apreciamos e que pode ser insuportável para outros pode ser escutada por fones de ouvidos, justamente para permitir a convivência com pessoas de gostos diferentes, ou que simplesmente desejam o silêncio.

E assim é com outros princípios que sempre ouvi em minha família:

– Isto não é assunto para criança.

– Obedeça a seus pais.

– Comporte-se.

– Seja educado.

– Seja forte.

GUIE SUA CARREIRA POR PRINCÍPIOS

Passando para o ambiente das empresas, também é fundamental que, em nossa carreira, sejamos guiados por nossos princípios.

Vivemos em uma época em que as pessoas sofrem do que chamo da síndrome dos direitos adquiridos. Ou seja, tudo tem de ser regulado por uma lei que dá direito a alguém ou a um grupo de pessoas.

Se esquecem que todo direito gera uma obrigação e, portanto, a pergunta que ninguém faz é:

– Quem será obrigado a isso?

Ou, ainda mais importante:

– Quem será obrigado a pagar por isso?

Quando vejo, por exemplo, que um dono de terra na Amazônia tem de preservar 80% da mata de sua propriedade, fico imaginando se, como prestador de serviços, houvesse uma lei que me proibisse de trabalhar 80% do meu tempo. Como eu iria gerar renda para o padrão de vida que desejo?

Ou seja, é muito fácil eu determinar que outro custeie a preservação da mata, afinal, eu moro em São Paulo.

Outro exemplo anacrônico, um dos problemas da legislação atual que proíbe crianças e adolescentes de trabalhar é que não podem começar desde cedo com funções simples dentro de um pequeno negócio e que lhes ensinariam princípios elementares como:

– Chegar no horário.

– Ser responsável.

– Ter disciplina.

– Ser respeitoso.

O resultado dessa legislação é que somente traficantes podem usar crianças para seus negócios.

Essa é uma disfuncionalidade do excesso de direitos quando eles não se adequam à realidade e aos princípios da civilização.

Entretanto, não precisamos seguir isso. Como profissionais teremos muito mais oportunidades de carreira se focarmos em nossas obrigações mais do que em nossos direitos.

E, é claro, se formos além.

A SOLUÇÃO EXIGE IR ALÉM

Lembro-me quando, certa vez, meu carro quebrou em um lugar inóspito perto da cidade de Gonçalves, no Sul de Minas. Ali era uma rota de romeiros e um deles parou e me disse que o problema estava em um vazamento no sistema de arrefecimento. Mas, que havia um restaurante a cerca de 1 Km dali e que o carro deveria aguentar chegar lá.

Fiz isso e o dono do restaurante tentou achar um mecânico para mim. Achamos um que diagnosticou que o problema não podia ser consertado ali. Era feriado.

Um casal nos deu carona até a cidade mais próxima. Deixei a chave do carro com o dono do restaurante para que a entregasse ao guincheiro.

Além disso, descobri, ao ligar para a companhia de seguros que o endereço do restaurante, em uma estrada de terra, era algo como: 4 Km após a saída para o ranchinho. E, o guincheiro achou o local somente com essa instrução!

Quando olho um exemplo como esse, observo quantas pessoas que não fizeram apenas a sua parte. Do romeiro, ao dono do restaurante, o mecânico, a atendente da companhia de seguros, o guincheiro. Todos ali foram muito além do que era sua responsabilidade.

E se assim não fosse, não sei como teria voltado à São Paulo. O que confirma a conclusão de Santo Agostinho, de que o princípio da sociedade humana é o amor ao próximo.

NA EMPRESA, HÁ BOLAS DIVIDIDAS

Na empresa ocorre o mesmo. Há uma série de zonas cinzentas, bolas divididas, imprecisões, tensões e conflitos que, se ninguém se envolver, dificilmente o resultado final será atingido.

Mas, para isso, é preciso ter princípios como:

– Ser pontual.

– Estar atualizado.

– Não parar de aprimorar-se.

– Ser responsável.

Um profissional que se orienta por princípios conduzirá sua carreira com mais firmeza, como deve ser um capitão no comando de um barco. As ondas podem ser perigosas, mas ele se manterá firme no leme e no curso que determinou.

Uma empresa com um comando firme e com pessoas responsáveis vai muito além do que os números mostram. Ela é perene.

Se temos maus exemplos de negócios que são desonestos e que continuam no mercado por se beneficiarem de suas conexões políticas, há inúmeros que o fazem porque seus donos e funcionários são indivíduos de princípios elevados e com um espírito de dever admirável.

Sempre se questione quem são seus exemplos de sucesso e procure por aqueles que podem não ser famosos na mídia, mas são verdadeiros heróis por uma vida de dedicação, perseverança e honestidade.

São pessoas assim que constroem uma civilização melhor e que devem ser imitadas.

Pessoas de princípios.

Um grande abraço e vamos em frente!

 

Silvio Celestino

Sócio-diretor da Alliance Coaching

Autor do livro: O LÍDER TRANSFORMADOR, como transformar pessoas em líderes

silvio.celestino@alliancecoaching.com.br