FALE EM UM MINUTO!

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FALE EM UM MINUTO!

Procuro trazer temas em meus textos semanais que surgem no quotidiano dos dias que antecedem sua escrita. Desta vez, entretanto, o assunto não pode ser completamente esclarecido aqui, devido aos inúmeros aspectos do tema e que exigiriam um livro e não apenas um texto opinativo.

Eu estava comendo uma pizza com meu amigo mais antigo – nos conhecemos desde 1981- e trocávamos idéias do que seria relevante em um trabalho de desenvolvimento de executivos. Em dado instante, ao falar sobre sua falta de tempo, seu pragmatismo e sua impaciência com temas que não diziam a respeito do seu dia-a-dia, ele me disse:

– Silvio, como CIO, o que eu preciso mesmo é que alguém me diga, por exemplo, por que a compra do twitter pelo Elon Musk é importante? Mas, em um minuto! Não quero saber detalhes, somente ser capaz de conversar a respeito. Não tenho tempo para este assunto.

Fiquei refletindo se era possível o que ele estava pedindo.

Curiosamente, minha esposa me mandou, na mesma semana, um artigo dizendo que estava na moda os vídeos de até um minuto.

Portanto, meu caro leitor, você que lê textos que demandam até 10 minutos para serem lidos e eu que os escrevo, estamos fora de moda.

Mas, é por isso mesmo que sempre me ative a ser clássico, pois o clássico nunca sai de moda.

NINGUÉM É ISENTO

É possível você falar em um minuto sobre um assunto, desde que esteja acompanhando e entendendo o diálogo a respeito dele que vem ao longo da história.

O problema é que, para isso, deveríamos ter uma noção clara de quem são nossas fontes de informação e quais seus interesses e vieses, para saber qual é nosso horizonte de consciência.

Recomendo a meus clientes evitarem as fontes populares porque elas são incompletas e procuram esconder seu viés.

E o nosso foco tem de ser a busca da verdade.

Se uma fonte de informação afirma que é isenta, então deve ser descartada pois isto simplesmente não existe e é provável que a pessoa deseja ludibriar-lhe. Todos nós temos vieses e preferências porque assim são os seres humanos, conscientemente ou não.

Outro dia, conversava com uma executiva que fazia questão de enfatizar que era progressista. Sua sinceridade me obrigava a esclarecer meu viés.

Na verdade, não me vejo por estas linhas de poder pois acredito que as pessoas normais possuem, para certos temas, um viés progressista, para outros, um viés conservador. Entretanto, como sou católico, é evidente que minha linha de pensamento se inclina para o conservador com maior frequência na maioria dos temas.

Por que é tão importante você saber isso a seu próprio respeito? Porque é esta informação que lhe dará os limites de seu conhecimento. São eles que determinam o seu horizonte de consciência, isto é, até onde você sabe sobre um tema.

Você pode ser progressista ou conservador, por exemplo, mas, se busca a verdade, se alimentará de fontes de informação de todos os espectros para achá-la.

Alimentar-se de fontes de somente um lado da equação e evitar o outro irá limitá-lo e, como alerta Sun Tzu – “ganhará 100% das batalhas aquele que conhecer a si mesmo e ao inimigo.”

É este conhecimento a respeito de suas fontes que lhe permitirá saber de onde vieram seus pensamentos.

QUAL A PROFUNDIDADE DO SEU CONHECIMENTO?

Além de saber a origem, você também tem de refletir sobre a profundidade do que conhece.

Ao usar a compra do twitter como exemplo, se você se alimenta somente de fontes populares você terá o seguinte nível de conhecimento:

A compra aconteceu porque Elon Musk, o homem mais rico do mundo, é muito temperamental e por isso deseja ter liberdade para expressar-se na rede mais influente no mundo político. (1)

Qual o problema disso?

Você precisaria estar na conversa a respeito do tema para entender.

No próprio twitter, Elon explica seu viés de pensamento e o que acredita que aconteceu ao longo do tempo com seus amigos. Está na imagem abaixo:

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Fonte: Twitter de Elon Musk

Observe, portanto, que Elon tem plena consciência de qual é seu viés sócio-político – e você?

Neste nível de conhecimento você pode pensar que se trata somente de uma briga entre um bilionário excêntrico e seus detratores, ex-amigos liberais e a mídia tradicional.

Mas, a coisa é um pouco mais séria que isso. Poucos dias após a compra do twitter por Musk, o departamento de segurança interna americano, DHS – Department of Homeland Security – criou um “Conselho de Governança da Desinformação”, com o objetivo de combater a desinformação para que ela não afete as eleições de membros do congresso que ocorrerão neste ano. (2)

Em síntese, a desinformação é você levar a pessoa a chegar a certas conclusões por si mesma, alimentando-a cuidadosamente de informações que a façam pensar e agir como você deseja, sem ela saber.

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Enquanto Musk se divertia com a compra – chegou a afirmar que sua próxima ação seria comprar a Coca-Cola e voltar a colocar cocaína nela (3) – Bill Gates, um desafeto de Musk, começou a tomar posições de venda das ações da Tesla – empresa principal de Musk – e que seriam usadas para custear parte da compra do twitter.

A preocupação de Gates é que o twitter se torne um território “livre demais” e comece a propagar idéias contrárias aos seus interesses.

Mas, não são somente os interesses farmacêuticos de Gates na doença, digo, na saúde das pessoas que estão em jogo em um território livre. Mas, de pessoas como George Soros e Jeff Bezos – que, diga-se de passagem, é dono do Washington Post, fato que curiosamente ninguém se importa.

Soros, dono da Open Society Foundation – fundação com profunda influência política no Brasil – divulgou uma carta aberta (4) aos anunciantes do twitter com a assinatura de outras 26 organizações alertando a empresas e ao público que o twitter pode se tornar uma rede tóxica para as idéias e que demanda que a empresa, mesmo sob o domínio de Musk, continue suas práticas de banir pessoas e empresas que “ferem suas regras”.

Também recomenda que as companhias parem de fazer anúncios na plataforma.

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Em resposta, Musk, além de tirar sarro de Bill Gates e sua barriga, alerta que vai jogar luz nessas organizações que assinaram este documento e saber quem está por trás disso.

Também alertou que por liberdade de expressão entende que a empresa deve cumprir as Constituições dos países, principalmente no que dizem respeito à censura, e que estão acima de regras da empresa.

PAREMOS POR AQUI

Bem, este é somente um esclarecimento até o segundo nível de informação a respeito de um único evento recente e relevante no mundo econômico e sócio-político.

Imagino que você levou mais de um minuto para chegar até aqui.

Existem ainda níveis mais profundos que você somente teria acesso com a leitura de livros como “Introdução à nova Ordem Mundial” e “The Real Anthony Fauci: Bill Gates, Big Pharma, and the Global War on Democracy and Public Health”.

Observe que este segundo livro é escrito por membro da esquerda americana, Robert F. Kennedy Jr. Algumas pessoas me perguntam por que leio livros com esse viés. Minha resposta é: “se o diabo me diz que 2+2=4, sou obrigado a concordar com ele, porque esta é a verdade.”

Só não pense que ele lhe dirá isso desejando o seu bem.

Mas, afinal, por que este conhecimento é importante para um executivo?

Simplesmente porque o executivo é responsável pela estratégia da empresa.

Se ela depende da análise de qual futuro nos espera, precisa saber quais pessoas e grupos de pessoas estão se digladiando para determinar o futuro econômico e político dos países. Aquele que mais souber a verdade a este respeito, maiores chances terá de vencer quando o futuro se realizar.

É por este motivo que sempre procuro colocar uma camada de cultura geral em todos os trabalhos de mentoria e de coaching a meus clientes.

As metodologias dessas áreas foram desenvolvidas em países cujo sistema educacional transfere uma cultura geral maior a seus alunos. Portanto, o executivo formado ali possui mais recursos que o brasileiro para achar as soluções de seus problemas.

Quando acrescentamos essa camada, ele verá com maior clareza de onde vem a história, onde está inserido, os caminhos a sua frente e as alternativas que possui.

Poderá com isso aproveitar melhor as oportunidades e preparar-se para riscos e adversidades.

Dá para transferir um bocado de cultura geral em algumas reuniões de mentoria ou de coaching.

Somente com ela é possível se atualizar em um minuto a respeito de qualquer tema do quotidiano.

Deste modo as decisões serão tomadas levando-se em conta não somente aquilo que está acontecendo, mas a consciência de que boa parte dos eventos que julgamos aleatórios, são planejados e que, se soubermos quem os faz e acompanharmos suas idéias e ações, poderemos prever e nos preparar melhor para enfrentar o futuro.

Assim como em uma luta de box, vence quem estiver de pé ao fim dos doze assaltos… e estará de pé aquele que for mais forte.

Conte comigo para que isto aconteça com você e sua empresa.

Vamos em frente!

Silvio Celestino

Sócio-diretor da Alliance Coaching

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silvio.celestino@alliancecoaching.com.br