Para ouvir este texto, clique aqui: episódio 44 do podcast O EXECUTIVO
Na próxima quinta-feira, dia 27, às 17h, nos meus canais do youtube e do instagram , entrevistarei a Ana Nubié, Chief Growth Officer da Figtree&Co. Falaremos sobre inovação, marketing digital e inteligência artificial na prática dos negócios. Conto com sua participação em nosso podcast.
Uma executiva me questionou sobre as dores que o processo de coaching resolve.
Para responder a essa pergunta você tem de observar que todo gestor está em um contexto e que este cenário possui elementos comuns e outros que são específicos.
Um fator compartilhado e que se apresenta para as pessoas como elevação dos preços dos produtos, serviços e insumos é a perda do poder aquisitivo das moedas.
Para se ter uma idéia da enorme magnitude deste problema, nos Estados Unidos, o americano médio tem de trabalhar hoje, 33 vezes mais do que seu par do começo do século passado para ter o mesmo padrão de vida.
E isso é ainda pior para nós que não recebemos em dólar.
Então uma dor que se encontra presente em quase todos os processos de coaching é a de se aumentar a renda do cliente e seu desempenho para a empresa.
Este problema, entretanto, não aparece de maneira tão clara assim, nem para o cliente, nem para mim.
Vou lhe dar três exemplos disso.
UMA AGENDA 6 VEZES MAIS LUCRATIVA
Uma das executivas mais novas que já treinei, chegou até a mim após ficar mais de 48 horas acordada trabalhando e tentando resolver os problemas sob sua responsabilidade. Sua CEO, que fora minha cliente, pediu para ela me procurar.
Com olheiras, uma fala acelerada e muita ansiedade, o que ela queria era isso: resolver os problemas.
A primeira coisa que um coach deve se preocupar é com a sanidade da pessoa e sua energia. Afinal, um indivíduo com alguma patologia psicológica não pode fazer o processo – o protocolo exige que seja encaminhado a um profissional habilitado – e sem energia, ninguém vai a lugar algum.
Mas, ela não apenas era uma pessoa saudável, mas alguém com uma excelente formação familiar. Tradução: sabia o valor da obediência – mesmo que, às vezes, se opusesse ferreamente a certos comandos, o que é plenamente natural em uma jovem de 23 anos.
O primeiro exercício foi ela dormir, é claro. Mas, lidamos com a dor número um, que era não saber montar e executar uma agenda com as melhores práticas de gestão do tempo.
A dor número dois foi ela descobrir seu propósito de vida – este também é um exercício importantíssimo para todos nós e que deveria ser feito o quanto antes em nossa carreira.
Uma das maiores tragédias do brasileiro é não ter um plano de vida e em muitos casos, um plano de carreira.
Finalmente, a dor número 3, tem a ver com o cenário que mencionei acima. Ela não tinha nenhuma educação financeira.
O que é muito gratificante é ver uma jovem compreender que um estilo de vida é caro, mas uma grande vida, isto é, uma vida de muita qualidade é perfeitamente possível. Ela aprendeu conceitos básicos como: o que são passivos e ativos e como gerar mais renda.
A consequência de interiorizar e lidar com esses conceitos foi que a executiva diminuiu seus custos de vida pela metade e triplicou sua renda.
O resultado foi uma disponibilidade de dinheiro seis vezes maior.
Em um mundo em que as moedas perdem valor, essa dor existe para todos: como aumentar sua renda e diminuir seus custos de maneira constante e consistente?
Existem métodos para isso e é claro que fazem parte do repertório de todo coach.
UM FEEDBACK DE R$ 70 MILHÕES
Em outro caso, um executivo chegou para mim como um profissional intragável e que seria demitido se não aprendesse a ser mais humano com seus funcionários.
Bem, essa foi a descrição que a diretora de RH passou para mim, mas quando cheguei para dar o coaching nas instalações da indústria, a mais de 450 Km de Brasília, o Diretor Geral me chamou e disse o seguinte:
– Silvio, se esse executivo for embora, vou perder R$ 70 milhões no resultado. Esse foi o número que, até hoje, somente ele conseguiu salvar aqui na empresa.
Ou seja, a competência que me pediram para desenvolver nele, o feedback, valia R$ 70 milhões.
A dor número um era o inconformismo com a incapacidade de seus liderados de cumprir as normas de segurança da empresa.
Isso o obrigava a demitir pessoas que ele investira anos treinando. Portanto, tínhamos de desenvolver sua capacidade de selecionar melhor e comunicar-se com maior persuasão.
A dor número dois era um baixíssimo domínio emocional.
Todo executivo tem de saber dominar suas emoções ou não chegará a lugar algum – afinal quanto mais você sobe de cargo, mais problemas acontecem e não menos. Se você já morre de raiva com os problemas no seu nível, não está em condições de subir.
A dor número três era, de fato, seu total desconhecimento das melhores práticas de feedback. Uma competência que exige muito treino e que é frustrante de aguardar os resultados.
Ao final de 8 meses de trabalho ele não apenas conservou seu emprego, mas foi premiado como o melhor gestor do ano na companhia. De fato, era um executivo incrivelmente comprometido com a empresa e que, anos mais tarde, tornou-se diretor geral.
UM DOMÍNIO EMOCIONAL DE R$ 20 MILHÕES
Em uma outra indústria do setor de commodities, um executivo chegou a mim porque era visto como high potential, mas precisava ter maior domínio emocional diante dos problemas e no relacionamento com os níveis de cima.
De fato, me recordo, em nossa primeira reunião, de suas palavras muito diretas e verdadeiras e que valem para outras empresas:
– Silvio, as pessoas aqui não querem trabalhar. Só o fazem pelo dinheiro e não estão interessadas em nada.
Esta é uma pergunta que também me assola: qual o interesse dos profissionais?
Aparentemente, as pessoas reduziram suas vidas tanto ao momento presente que somente a satisfação dos sentidos tem importância. Sua família, seu emprego, as demais pessoas, a cidade ou o país simplesmente não interessam.
Este executivo foi um dos pouquíssimos que encontrei e que tinha o hábito da leitura regular.
A dor número 1 dele era, portanto, um estresse exagerado devido ao comportamento pouco dedicado das pessoas. Desenvolver um certo estoicismo é um fator de sanidade para todo executivo.
A dor número dois estava realmente relacionada ao seu domínio emocional – aliás a falta dele é também comum em pessoas muito inteligentes e que não aceitam os, digamos, desafios intelectuais, dos demais.
A dor número três era seu total desconhecimento, também comum em executivos muito focados em seu intelecto, da importância do relacionamento político na empresa. Isto é, como costurar soluções e deixar todos os demais envolvidos, principalmente seus pares, com uma boa imagem perante o CEO e acionistas. Esta é uma habilidade fundamental na carreira de todo gestor que deseja subir.
Com tais competências desenvolvidas, nos dois últimos meses do ano, a empresa teve um revés importante em uma de suas unidades e ele descobriu como conseguir um resultado R$ 20 milhões acima de sua meta, o que impactou positivamente todo o grupo.
Como reconhecimento, foi promovido para uma unidade maior e continua a lidar com desafios crescentes.
UM MUNDO IMPERFEITO
No fundo, todo executivo deve ter um enorme senso de realidade.
É a capacidade de perceber que vive em um mundo onde as coisas dão errado constantemente.
E, neste cenário, deve conduzir pessoas para atingir resultados sucessivos e somente essa consciência da realidade o permitirá fazê-lo com maior domínio emocional e controle da situação.
Se você souber como fazer isso com os melhores conhecimentos, conceitos e práticas, gastará muito menos energia e terá menos estresse para atingir o resultado pelo qual é tão severamente cobrado.
Afinal, se as coisas dão errado neste mundo, alguém precisa constantemente trazê-las de volta aos trilhos. E fazer isso sozinho é sempre mais difícil.
É para resolver esta dor que o coach existe.
Qual é a sua?
Conte comigo ajudá-lo e vamos em frente!
Silvio Celestino
Sócio-diretor da Alliance Coaching