NINGUÉM PRECISA DO FOFOQUEIRO PROFISSIONAL NA EMPRESA

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NINGUÉM PRECISA DO FOFOQUEIRO PROFISSIONAL NA EMPRESA

Assista à entrevista de Edson Sueyoshi – VP de Tecnologia e Produção da R/GA no canal O EXECUTIVO – Episódio 4


Para ouvir este texto, clique aqui: Podcast O EXECUTIVO


Se um alienígena assistisse a uma partida de futebol pela TV, chegaria à conclusão de que os comentaristas esportivos são as pessoas mais importantes do jogo. Suas afirmações recheadas de emoções, indignação e conclusões óbvias para quem fala como um mestre os fazem parecer os personagens mais respeitáveis da partida.

E sempre foi assim.

Lembro-me com saudade de ouvir, a partir da década de 1970, na rádio Jovem Pan, as narrações precisas e ricas de detalhes de José Silvério, ao acompanhar os jogos do meu Palmeiras. Em dado instante ele chamava Cláudio Carsughi que recheava a transmissão de números do espetáculo e em seguida queria ouvir o comentário, a análise de Orlando Duarte.

Era um grande momento e dava um colorido todo especial a qualquer jogo.

Mas, se os comentaristas no futebol acrescentam um tempero único ao derby – opa, alguém ainda usa essa palavra? – nas empresas eles são completamente desnecessários.

Afinal, imagine que estranho seria se Neymar estivesse em campo, vestido com o uniforme do Paris Saint-Germain e no meio da partida alguém passasse a bola para ele de maneira muito errada, muito distante de sua posição. E, em vez de correr para a bola e mover as ações em direção ao gol, ele parasse e começasse a se comportar como alguém da torcida na arquibancada ou como um comentarista.

Seria mais ou menos assim, imagine ele parado e virando-se para o jogador, dizer.

– Mas, você é muito ruim mesmo, hem? Isso é jeito de tocar a bola?
Aí, ele se vira para o técnico e diz:

– E foi você quem escalou esse cara na lateral? Mas, é muito burro mesmo, hem? Burro! Burro! Burro!

Não seria estranhíssimo?

Isto é, alguém dentro de campo, responsável por jogar, se comportar como se estivesse na arquibancada, vendo o jogo?

Pois é, nas empresas algumas pessoas fazem isso o tempo todo.

Essa conversa de opinião a respeito das coisas é o que chamamos de fofoca. E existem dois tipos: a amadora e a profissional.

FOFOCA AMADORA X PROFISSIONAL

A amadora é aquela na qual o sujeito vem até você e fala algo assim:

– Você viu quem tá pegando…?

Essa é a amadora.

Já a profissional é assim:

– Você viu aquele projeto que o fulano está fazendo? Pois, é… não vai dar certo. Eu já tentei fazer daquele jeito e não funciona. Ele vai quebrar a cara. Mas, sabe como é, ninguém me ouve nessa empresa.

Ou seja, a pessoa vê que algo que está sendo feito não vai funcionar, tem experiência no assunto e em vez de entrar no jogo, de correr o risco de ser rejeitado em suas idéias e na sua experiência, ou aceitar a parte que lhe cabe – inclusive o respeito a uma decisão – prefere ficar comentando com os demais o que quem deveria fazer e como.

Essa conversa literalmente mata a empresa porque mata o espírito de time.

Para este tipo de pessoa, a melhor resposta é:

– Vamos ter uma conversa de campo e não de arquibancada?

Afinal, mesmo o mais brilhante jogador tem de saber jogar conforme o técnico pede, mesmo que ele discorde, ou jamais teremos ordem na equipe.

A situação fica ainda mais grave quando o comentarista é um executivo, pois, ele se especializa em criticar tudo que seus liderados e pares fazem, em discordar, em não aceitar nenhuma idéia, mas é incapaz de dizer com clareza o que deseja, de ser estratégico e de conduzir, de orientar e de formar seu time.

Não precisamos de comentaristas na empresa.

Portanto, faça uma auto-reflexão para ver o quão produtivas têm sido suas conversas. Elas movem as ações para frente? Ou simplesmente são opiniões sobre o jogo?

Se estiverem no segundo caso, comece a falar menos, a contribuir mais e não se preocupe tanto em ter de concordar com tudo para agir.

PROFISSIONAIS MADUROS X CRIANÇAS

É exasperante o tempo que se gasta nas empresas para convencer pessoas a fazerem o seu dever.

Lembre-se que você amadurece quando é capaz de fazer coisas que não concorda. Por exemplo, não concordo em ter de acordar cedo para fazer academia, reunir-me com cliente às 7h30m da manhã, tomar remédios ou ter de estudar permanentemente, inclusive aos sábados. Mas, é meu dever perante a vida.

Se deixássemos as crianças e os adolescentes fazerem somente o que eles concordam, eles morreriam. Afinal, as crianças não querem parar de brincar para comer, os adolescentes não querem parar de beber e de se divertir, enfim, morreriam de fome, sede e falta de descanso.

São as pessoas maduras que estão dispostas a fazerem coisas que não concordam para ter a vida que desejam.

E o fazem com o time porque entendem o jogo e o que têm de fazer para ganhar o campeonato.

Portanto, a cada dia, entre em campo, jogue para ganhar, mas jogue com o time.

Conte comigo para isso e vamos em frente!

Silvio Celestino

Sócio-diretor da Alliance Coaching

www.silviocelestino.com.br

silvio.celestino@alliancecoaching.com.br

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