AUTOCONFIANÇA, VOCÊ PRECISA DELA PARA SUA CARREIRA

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AUTOCONFIANÇA, VOCÊ PRECISA DELA PARA SUA CARREIRA

Lembro-me que, em 2007, atendia a Siderúrgica Barra Mansa, no interior do Rio de Janeiro, e os motoristas que me traziam de volta a São Paulo eram muito falantes.

A viagem demorava cerca de 4 horas e eles vinham conversando sobre suas aventuras nas estradas, os eventos cômicos e, é claro, os riscos e acidentes que sofreram ou presenciaram.

Eram homens de muita confiança e que, como todo motorista, possuíam solução para todos os problemas brasileiros; conhecimento este que lhes dava um manancial de temas para as 4 horas de viagem.

Mas, algo me chamava a atenção ao final do percurso. Ao aproximarem-se de minha residência, ficavam tensos, agitados e a conversa minguava.

Demorei um tempo para perceber que o problema era o corredor da Av. Santo Amaro, em São Paulo. Um corredor de ônibus feio, muito mal projetado e que destruiu a paisagem urbana. Mas, o problema que assustava aos motoristas do interior era as faixas para os carros: muito estreias e esburacadas.

Isto exigia freadas repentinas, manobras precisas e em espaços reduzidos. Para quem está acostumado é algo comum, mas para quem o faz raramente, não é simples.

Por isso, a autoconfiança dos motoristas terminava ali.

Entretanto, nem sempre é claro o motivo pelo qual a autoconfiança de alguém é desafiada.

DESAFIOS DA AUTOCONFIANÇA

Conheço executivos que acreditam que jamais conseguirão aprender inglês. Outros que são os mais perniciosos críticos de seu próprio trabalho. E outros que têm muita dificuldade de se arriscarem a dar uma palestra, ou simplesmente se manifestarem em uma reunião.

É claro que, para quem está de fora da situação, tudo parece muito simples: é só fazer!

Mas, não é fácil ser compreendido quando travamos para fazer algo.

Nem nós mesmo somos capazes de articular exatamente qual é o problema.

Por vezes, pode ser a raridade da situação que temos de lidar, como a dos motoristas que mencionei na introdução, em outros casos é o tamanho do desafio, em outros a vergonha, mas há situações que simplesmente não sabemos como fazer o que precisa ser feito.

Embora seja impossível abarcar todas as possibilidades em um texto, dá para refletirmos sobre algumas causas frequentes.

POR VEZES O PROBLEMA É SÓ DE ESTIMA

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Por vezes, a falta de confiança vem do fato de que a pessoa tem uma autoimagem muito depreciada. Quer seja pelo excesso de críticas familiares ou mesmo autocrítica infundada, a pessoa acaba não percebendo seu real valor.

Em coaching existe um exercício que qualquer um pode fazer: escolher algumas pessoas que te conhecem e pedir para fazerem uma lista de suas qualidades.

Em geral a pessoa que tem baixa estima possui o contrário: um rol de todos os seus defeitos nos mínimos detalhes.

Entretanto, podemos imaginar a estima de uma pessoa como sendo o resultado do tempo que ela investe pensando em suas qualidades, menos o tempo que ela gasta pensando em seus defeitos. É claro que, se o segundo fator for maior que o primeiro, o resultado será negativo.

Mas, por que é tão importante assim conhecermos em detalhes nossas qualidades?

O motivo é que elas expressam a parte de nossa natureza que devemos usar para resolver nossas questões.

Por exemplo: enquanto escrevo este texto estou em meu escritório no oitavo andar de um prédio. Se eu pular pela janela vou me esborrachar lá embaixo, pois, como ser humano, minha natureza não me permite voar – isto é coisa para os pássaros.

Entretanto, a mesma natureza que não permite ao ser humano voar, o possibilita construir um avião… e dentro de um avião, um ser humano voa melhor do que qualquer pássaro.

Portanto, o segredo é você reconhecer e aceitar sua natureza e usá-la para construir seu avião.

Você tem de ser brutalmente honesto consigo mesmo. Por exemplo, nunca gostei de estudar inglês. Portanto, para mim era difícil aprender este idioma. Entretanto, sou muito estudioso nos temas que me interessam. Então, na minha carreira de técnico em eletrônica, lia tudo em inglês e, deste modo, aprendi a língua por meio deste assunto.

Até hoje, somente leio notícias em inglês. Mas, faço o mesmo com livros para o trabalho e minha formação em mentoria e coaching também se deu boa parte neste idioma.

Ou seja, me exponho ao inglês por meio de minha qualidade de estudante muito interessado em certos temas.

Se você gosta de filmes, esportes, música – use esta sua característica para aprender pois sua confiança sempre é maior se você respeitar sua natureza.

CONHECIMENTO É TUDO

No artigo anterior falei da importância da inteligência para seu sucesso porque, no fundo, o que existe mesmo é o conhecimento.

Atualmente vejo um foco excessivo nos aspectos externos dos executivos: sua postura, sua impostação de voz, sua capacidade de ser empático e demonstrar domínio emocional. Entretanto, isto tudo pode gerar algo terrível que é o desequilíbrio em dimensões internas e que o profissional somente se dá conta quando já há algum sofrimento: é o caso do executivo bem-sucedido, mas que não tem vida pessoal satisfatória.

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Para ter conhecimento desta complexidade, você deve imaginar suas dimensões humanas como os raios que ligam o eixo da bicicleta ao aro da roda. Ou seja, existem os raios trabalho, financeiro, familiar, saúde, relacionamento, religioso, psicológico, emocional, físico e assim por diante.

Se um desses raios estiver quebrado ou fragilizado, a bicicleta inteira trepidará.

Mas, se você puxar, por exemplo, o raio trabalho, vai destruir toda a roda.

Portanto, quando você diz que deseja ser promovido a diretor, tem de pensar sobre o que precisa conhecer de estratégia, política empresarial, como vai lidar com as pressões, o menor tempo para si e as frustrações inerentes ao cargo.

Se você somente desejar ser promovido e não endereçar estas questões, será esmagado, pois mesmo para ser bem-sucedido você tem de estar preparado. É o caso de certas celebridades ao longo da história: tinham os raios trabalho e financeiro extremamente bem desenvolvidos, mas um olhar mais atendo aos raios emocional, autoestima e relações familiares revelava deficiências severas.

Este exemplo demonstra algo que passa despercebido a muitos a respeito do sucesso: você pode obtê-lo com baixa estima – afinal, não creio que um cantor que usa drogas tenha uma autoestima elevada – mas a realidade mostra que o custo é alto.

Por este motivo, para ser bem-sucedido de maneira sadia é fundamental ter conhecimento do que é necessário desenvolver em cada uma dessas dimensões e usar as qualidades de sua natureza para fazê-lo.

Deste modo, sua evolução será um degrau de cada vez e o permitirá não apenas desenvolver sua autoconfiança, mas de fato desenvolver-se de maneira sólida e homogênea em todas suas dimensões.

Afinal, precisamos nos esforçar para que nosso sucesso nos traga satisfações que vão além da capacidade de comprar coisas materiais, mas de nos propiciar a paz de espírito que desejamos a nós e a quem amamos.

Conte comigo no que precisar para isso.

Vamos em frente!

Silvio Celestino

Sócio-diretor da Alliance Coaching