“Julgai Senhor os que me atacam, combatei os que me combatem, sejam confundidos e envergonhados os que buscam a minha vida. Retrocedam e sejam cobertos de vergonha os que maquinam males contra mim.”
Salmo 34,1
INTRODUÇÃO: A JUSTIÇA COMO PILAR DA LIDERANÇA MODERNA
ÁUDIO: O EXECUTIVO
Eventos recentes, como os debates sobre decisões judiciais no Brasil, nos lembram da importância da justiça e da transparência, tanto na esfera pública quanto na liderança empresarial.
No caso do STF e das ações pós 8 de janeiro de 2023, críticas como as de Augusto Cury, que destacou o excesso na condenação de uma manicure a 14 anos – que aliás, foi mandada para prisão domiciliar no fim da tarde de ontem, prisão essa também injusta, diga-se de passagem -, mostram como a ausência de processos claros e a inobservância da Constituição podem gerar desconfiança.
Afinal, a suprema corte sequer tem competência para julgar essas pessoas e o ex-presidente.
Para líderes, isso é um alerta: julgar sem seguir regras bem definidas mina a credibilidade. E ela somente pode ser perdida uma vez.
Hoje, com gerações mais jovens — como Millennials e Gen Z — valorizando ética e equidade, ser um líder justo não é apenas uma escolha, mas uma necessidade para construir equipes sólidas e culturas organizacionais fortes.
Muito poderia ser dito tendo como pano de fundo a exasperante falta de justiça que observamos no Brasil em todas as esferas, mas vou limitar a cinco dicas práticas para alcançar o objetivo de sermos executivos justos em nosso campo de atuação, inspiradas em melhores práticas e reflexões sobre liderança.
O QUE SIGNIFICA SER UM LÍDER JUSTO?
Ser um líder justo vai além de evitar favoritismos. Significa estabelecer critérios claros, respeitar processos e garantir que todos tenham a chance de serem ouvidos.
No ambiente corporativo, isso se traduz em avaliações baseadas em mérito, políticas de compliance aplicadas com rigor e um compromisso com a transparência.
Assim como na justiça, onde o julgamento deveria começar pela primeira instância antes de escalar ao STF, na liderança, as decisões devem seguir uma sequência lógica e acessível. Vamos explorar como fazer isso.
1. FAÇA UMA AVALIAÇÃO COM CRITÉRIOS JUSTOS E OBJETIVOS
Avaliar pessoas é uma das tarefas mais delicadas de um líder. Para ser justo, é essencial basear suas decisões em critérios claros e mensuráveis, evitando impressões subjetivas ou preconceitos.
– Como fazer: Defina métricas específicas, como desempenho em projetos ou cumprimento de prazos, e comunique-as previamente à equipe.
– Exemplo prático: Em minha experiência, vi um executivo em uma indústria de computadores transformar a moral da equipe ao substituir avaliações vagas por um sistema transparente de indicadores e que fomentava a excelência dos profissionais.
– 🌟 Destaque: Critérios objetivos reduzem o risco de percepções de injustiça, algo que, no caso do STF, foi questionado por pularem instâncias inferiores.
2. SIGA REGRAS E PROCESSOS COMO UM VALOR INEGOCIÁVEL
Regras existem para trazer ordem, mas só funcionam se forem aplicadas consistentemente.
No contexto brasileiro, a polêmica sobre julgamentos diretos pelo STF, sem passar pela primeira instância, mostra como ignorar processos pode gerar controvérsia – e injustiça.
Na liderança executiva, o mesmo princípio se aplica: cumprir regras é um valor que inspira confiança.
– Como fazer: Crie políticas internas claras (como um código de ética e conduta) e assegure que todos — do estagiário ao diretor — as sigam.
– Exemplo prático: Um gestor em uma mineração que conheci aumentou a retenção de talentos em 20% ao aplicar o mesmo e rigoroso critério de observância às regras de segurança a todos, sem exceções. O rigor fez com que os profissionais se sentissem mais seguros de que os demais não colocariam suas vidas em riscos por desleixo ou por simplesmente ignorarem tais regras.
– Dica: Documente cada etapa para que ninguém questione a legitimidade das decisões.
3. PROMOVA A JUSTIÇA EM TODOS OS MOMENTOS
“Levantaram-se testemunhas iníquas, interrogaram-me sobre o que eu ignorava (*)”
Salmo 34,11 – (*) Isto é, acusaram-me de crimes de que eu não tinha conhecimento, estando por isso inocente
Justiça não é algo que se aplica apenas em grandes decisões; ela deve permear o dia a dia. Isso significa ouvir antes de julgar – para não julgar o inocente – oferecer oportunidades iguais e corrigir desvios com imparcialidade.
– Como fazer: Estabeleça canais abertos, como caixas de sugestões ou reuniões individuais, para que a equipe possa se manifestar.
E lembre-se, nada substitui a supervisão de um líder com olhar astuto, que sabe ler nas entrelinhas e que tem maturidade para reconhecer os malandros e perversos, mesmo que ninguém tenha coragem de denunciá-los.
Aliás, acho bastante perverso os líderes dizerem que não sabiam de algo porque ninguém os contou, pois é sua função supervisionar diretamente quando possível e saber ler nos meandros dos relatórios quando há alguém mal intencionado entre seus colaboradores.
– Exemplo prático: Já acompanhei um caso em que um líder resolveu um conflito interno relevante ao mediar uma discussão com base em fatos, registros e testemunhas, não em favoritismos. Identificou e demitiu um supervisor que estava fraudando relatórios para esconder suas deficiências.
– 🌟 Destaque: Pequenos atos de justiça constroem uma reputação que ressoa com a geração atual, que rejeita líderes autoritários ou parciais.
4. TENHA DOMÍNIO EMOCIONAL PARA DECIDIR COM CLAREZA
Um líder justo precisa controlar suas emoções, pois decisões impulsivas ou influenciadas por antipatias pessoais podem distorcer o julgamento. Augusto Cury, ao criticar o STF, apontou como excessos emocionais podem levar a punições desproporcionais — um risco que líderes também correm.
Na verdade, fico estarrecido de ver pessoas odiarem tanto a um desafeto político que desejam que ele seja punido sem que leis sejam observadas. Isso é um importante alerta não apenas de injustiça, mas de declínio civilizacional.
– Como fazer: Pratique a pausa antes de reagir: respire fundo, analise os fatos e só então decida.
– Exemplo prático: Certa vez, um cliente meu estava para ser demitido porque, em momentos de feedback se descontrolava. Curiosamente o motivo de sua emoção era compreensível pois ele sabia que, em uma siderúrgica, quando alguém fazia um ato arriscado poderia causar um grave acidente.
Ao aprender e aplicar as melhores práticas de feedback e de inteligência emocional, conseguiu paulatinamente dominar suas próprias emoções e transformar essas ocasiões em momentos de orientação e oportunidade de aprimoramento da conduta de seus profissionais. Em um ano, tornou-se um gestor modelo na companhia.
– Dica: Técnicas de escuta ativa, comunicação executiva e cuidados nas esferas psicológica e religiosa podem ajudar a manter a cabeça fria, especialmente em crises.
5. ADOTE UMA PERSPECTIVA RELEVANTE: APRENDA COM OS ERROS ALHEIOS
Aqui está um ângulo relevante: observe os erros de justiça em outros contextos — como o caso da manicure condenada ou as críticas ao STF — e use-os como lições para sua liderança.
Isso não significa apontar culpados, mas refletir sobre como a falta de processos claros ou a pressa em julgar podem prejudicar o resultado e mesmo as avaliações a seu respeito.
– Como fazer: Analise casos públicos ou internos e pergunte: “O que eu faria diferente?” Incorpore essas reflexões em suas práticas.
– Exemplo prático: Um executivo em uma editora percebeu que seus gestores não compreendiam completamente as perspectivas uns dos outros e que usavam de seus carismas para convencê-lo da ação a tomar.
Quando começou a cobrar que todos compreendessem as várias perspectivas de diferentes departamentos antes de tomar sua decisão, os ânimos se acalmaram e as melhores alternativas começaram a ser selecionadas em acordo com cada contexto de momento a momento.
– 🌟 Destaque: Essa abordagem mostra humildade e aprendizado contínuo, qualidades que atraem a geração atual.
CONCLUSÃO: LIDERANÇA JUSTA COMO DIFERENCIAL
Ser um líder justo exige esforço, mas os resultados — equipes mais engajadas, culturas mais fortes e uma reputação sólida — valem a pena.
Em um mundo onde a transparência é cobrada – e não me refiro à transmissão dos julgamentos, mas à observância da Constituição e não à sua interpretação na cabeça de cada juiz – assim como vemos nos debates sobre o STF e até nas expectativas da nova geração, adotar essas práticas não é apenas ético, mas fundamental para resultados consistentes.
Principalmente você que já é um executivo justo, cobre e fiscalize os demais para que se atentem a construir e manter uma liderança que inspire confiança em todos os momentos.
Esse é um fator estratégico para o sucesso duradouro da empresa.
Conte comigo para isso e vamos em frente!

Silvio Celestino – Advisor
Sócio-diretor da Alliance Coaching
Autor do livro: O LÍDER TRANSFORMADOR, como transformar pessoas em líderes
silvio.celestino@alliancecoaching.com.br
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