ESTRESSAR PESSOAS NÃO É COMPETÊNCIA DE LIDERANÇA

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ESTRESSAR PESSOAS NÃO É COMPETÊNCIA DE LIDERANÇA

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No vídeo acima, Simon Sinek narra uma história com um insight relevante para quem deseja liderar e está profundamente frustrado com alguém que não está performando como deveria.

Ele conta que um soldado americano fazia um teste no qual, para ser aprovado, deveria disparar 40 tiros e acertar os alvos ao menos 23 vezes.

O soldado, apesar de bem treinado, simplesmente não conseguia fazê-lo.

Foi então que um NCO – non-commissioned officer – um supervisor do teste, começou a gritar que ele não estava atingindo os alvos, que estava fazendo tudo errado e até mesmo a mexer em sua arma dizendo como apontar e fazer os disparos.

O resultado foi desastroso, pois o soldado ficava cada vez mais nervoso e não acertava nada.

Foi então que uma amiga de Simon, também uma NCO e que lhe contara a história – se aproximou e disse calmamente ao soldado.

– Faça uma pausa. Respire fundo.

Em seguida, disse no mesmo tom:

– Vamos lá! Você sabe como fazê-lo, faça!

O soldado fez um novo disparo … e errou.

Ela não disse nada.

O soldado novamente se endireitou apontou a arma, atirou e finalmente atingiu o alvo.

A supervisora levantou os dois braços e saudou-o em voz alta e incentivadora:

– Você conseguiu! Você conseguiu!

O soldado disparou de novo e atingiu o alvo.

Ela repetiu o encorajamento. Ao terminar o teste o soldado havia acertado 38 de 40 tiros.

Foi aprovado.

Esta história me chamou muito a atenção porque coincidentemente, nesta semana, pude observar dois executivos, ambos vendedores, passarem por algo semelhante.

Seus líderes, em vez de incentivá-los, estavam massacrando-os pelo baixo resultado.

POR QUE TANTO ESTRESSE?

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Ao contrário do final feliz da história de Simon, os executivos ainda terão de ralar muito e sem uma supervisora amiga para ajudar.

Isto me faz ver que existe uma distância grande entre a admiração que muitos executivos têm por livros que falam de líderes inspiradores e a conversão da leitura em sua conduta cotidiana.

Acrescento que não é apenas quando as vendas vão mal que as pessoas são pressionadas excessivamente. Conheço um jovem gestor de investimentos que ficou milionário em sua empresa e o pagamento foi uma depressão que o tirou do ar por 2 anos.

Sem contar as histórias dos que enfartaram.

Bem, não quero pintar um quadro tenebroso, mas é evidente que há algo muito errado acontecendo quando formamos executivos que acreditam que estressar subordinados é uma competência de liderança.

A falta de conhecimento e habilidade de como expressar o que deseja de maneira respeitosa e produtiva é algo que faz o gestor produzir um clima organizacional negativo. Isto não ajuda os resultados – muito menos a retenção de talentos.

ADICIONE LIDERANÇA

Adicionar liderança significa ter domínio das emoções e compreender o que está acontecendo com seu profissional.

O executivo deve inicialmente observar se a pessoa possui todos os recursos necessários pois quem dá a missão, dá os meios.

Em seguida, analisar o contexto.

Vamos voltar ao exemplo dos vendedores. Trata-se realmente de um problema de vendas – isto é, o telefone toca e o vendedor não vende, ou, é um problema de marketing? Isto é, o telefone não toca?

Seus competidores estão com baixas vendas também?

Sem levar em conta o contexto, é difícil compreender o que de fato está acontecendo.

AS COMPETÊNCIAS ESTÃO OK?

Seu profissional tem as competências e os métodos adequados para fazer a tarefa?

Nesses últimos anos observei as empresas reduzirem seus investimentos em treinamento, conforme mostra a pesquisa da ABTD abaixo:

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Fonte: ABTD – Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento

Os mesmos executivos que observam que um tenista não fica melhor se não treinar, relutam em ver a correlação entre investimentos em treinamento e desempenho dos profissionais.

A pandemia criou enormes desafios para isso, mas está na hora de recuperar o tempo perdido.

O SEU PROFISSIONAL ESTÁ ENFRENTANDO ALGUM PROBLEMA PARTICULAR?

Difícil alguém não estar com alguma consequência psicológica após a pandemia. Quer seja pela doença, pela morte de algum amigo, parente, ou com sequelas em si mesmo, ou ainda em decorrência de medidas descabidas para lidar com a pandemia.

Um líder deve levar este fator em conta na hora de avaliar o desempenho de seu subordinado.

VOCÊ É MOTIVADOR?

Como o exemplo do soldado, se você tem certeza de que seu profissional tem tudo o que precisa, o contexto é favorável e ele está bem, então, é hora de pensar em você mesmo.

Você está seguro de que sabe como motivar pessoas?

Sei que vemos falastrões por aí dizer que foram graças às suas habilidades pessoais que conseguiram resultados na base do grito e da pressão. Mas, o fato é que vejo pessoas abandonando as grandes empresas por conta de chefes estressados, sem noção de como lidar com seus subordinados.

É evidente que liderar exige um enorme estofo para suportar a frustração. Apesar dela, é fundamental saber dizer respeitosamente para as pessoas quando não cumpriram o propósito do departamento, da empresa ou de uma determinada tarefa – afinal, o executivo também é cobrado duramente por resultados.

Justamente por isso que deve filtrar a cobrança que recebe em acordo com a maturidade e capacidade de seus subordinados pois ninguém começa a levantar peso pelas anilhas de 40 Kg.

Portanto, deve fazer esta cobrança de maneira a deixar claro o que não deseja, o que é inaceitável, mas que confia que a pessoa é capaz de fazer as coisas funcionarem.

Acima de tudo que está ali para dar-lhe o apoio que ela precisa.

Desmerecer os esforços, exagerar nas broncas, gritar, esquecer tudo de certo que a pessoa fez para se concentrar no erro é uma maneira de jogar sua liderança no lixo e seu funcionário para baixo.

Quando um profissional não está performando, faço minhas as palavras de Simon: adicione liderança, não estresse.

Vamos em frente!

Silvio Celestino

Sócio-diretor da Alliance Coaching