ANTES DE CRITICAR, SEJA UM EXEMPLO PARA A GERAÇÃO Z

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ANTES DE CRITICAR, SEJA UM EXEMPLO PARA A GERAÇÃO Z

Para ouvir este texto, clique aqui: Podcast O EXECUTIVO


 

Quem educou a geração Z?

Na semana passada eu dizia que minha experiência com a geração Z era um tanto diferente porque treino herdeiros que realmente desejam adquirir conhecimento relevante para assumirem, no futuro, os negócios de suas famílias.

Curiosamente, uma executiva me passou um artigo da Forbes  que relata as agruras que as empresas estão enfrentando para contratar pessoas dessa geração – os nascidos entre 1995 e 2010.

Destaco alguns parágrafos que descrevem a situação:

31% dos recrutadores preferem contratar trabalhadores mais velhos aos candidatos da Geração Z.

O problema parece começar durante o recrutamento: profissionais de RH afirmam que os candidatos da Geração Z não se vestem adequadamente (58%), não fazem contato visual (57%), têm exigências salariais irracionais (42%), não se comunicam bem (39%) e não parecem muito interessados ​​ou engajados (33%).

Depois, uma vez contratados, os trabalhadores da Geração Z tendem a se comportar de forma arrogante (60%) e são difíceis de gerir (26%), entre outras coisas.

Alguns têm questões de etiqueta simples (embora relevantes), como dificuldade de fazer contato visual, vestir-se adequadamente para entrevistas, estar preparado para a conversa, fazer boas perguntas e usar linguagem apropriada ao local de trabalho.

Mas outros desafios vão mais além. Envolvem, por exemplo, as mentiras dos trabalhadores da Geração Z (relatada por 21% dos gestores), falta de ética de trabalho (57%), dificuldade de se relacionar bem com os colegas de trabalho (22%) e atrasos para ​o trabalho (34%) e para reuniões. (25%).

DESTAQUE OS BONS EXEMPLOS

O que devemos considerar, então, para resolver essa questão?

Vou compartilhar com você o que observo nos jovens dela que fizeram coaching comigo e, como mencionei, são muito diferentes do relatado acima.

Deste modo podemos fazer uma comparação com indivíduos similares e não de gerações diferentes.

VISÃO DE FUTURO

Em primeiro lugar vem o fato de que eles colocam o preparo para a vida adulta à frente do prazer.

São pessoas que enxergam que terão de assumir responsabilidades e desejam estar preparadas para elas.

Um detalhe interessante é que, por vezes, são incentivadas pelos próprios pais a se divertirem mais e não apenas saírem com amigos, mas a namorarem. E mesmo assim, se recusam e dizem que este não é o momento para ir além do que já fazem.

Por vezes, mostram preocupação com amigos que são desordenados por bebidas e drogas.

SÃO DECENTES

Um fato que me chama muito a atenção é a maneira clássica com que se vestem. Nada de roupas rasgadas, decotes ou preocupação com o calor. Todos se vestem de maneira muito elegante e decente e não se preocupam com as críticas por conta disso.

Um desses indivíduos é destacado por suas aparições públicas em feiras de negócios e pela distinção com que representa sua família. Não aparenta a pouca idade que possui e é firme em negociações.

CARÁTER

Outro ponto que chama a atenção é o cuidado com que ouvem inicialmente a alguém. Avaliam como é a pessoa e somente com o tempo dão-lhe confiança.

Ainda assim, estão sempre observando sua conduta e mantêm a compostura mesmo em um momento de descontração.

QUEREM SER TRATADOS COM RESPEITO

Um desses indivíduos deu como feedback o fato de que gostava do trabalho de desenvolvimento que estava sendo feito por mim porque sentia-se tratado como igual.

Ou seja, ele percebia que, embora houvesse ali uma relação na qual transferia conhecimento a ele, isso não o fazia sentir-se inferior.

QUAL O NOSSO PAPEL?

Eu poderia me alongar aqui em mais detalhes, mas essas observações apontam para o nosso papel diante dessa geração.

O próprio artigo da Forbes dá o caminho:

Mas também existe a parte boa desta geração: eles têm fome de aprender.

Portanto, não podemos renunciar à nossa responsabilidade por sua formação.

Observe os bons exemplos dessa geração e coloque-os como a referência para os demais para mostrar que é possível ser diferente.

Embora a juventude clame por prazeres e podemos considerar válida a preocupação de um pai que o filho se divirta, não deixa de ser fundamental reforçar ao jovem que precisa esforçar-se intelectualmente para adquirir conhecimento e ter menos opiniões para estar preparado para a vida adulta.

Saber requer esforço, ter opiniões, não.

É como um jogo de futebol, vaiar e gritar na arquibancada é muito mais fácil do que estar em campo e saber fazer o gol. É por isso que existem 30.000 pessoas sentadas na arquibancada tomando cerveja e somente 22 em campo correndo sob o sol sem parar.

Também é fundamental que o jovem tenha o que chamo de referências internas.

Para entender essa orientação, imagine se um terço das estrelas desaparecessem. Mesmo o bom capitão de um navio não conseguiria orientar-se ao olhar para o céu.

O mundo hoje está assim: as pessoas que deveriam ser mais vistas estão eclipsadas por péssimos exemplos de indivíduos. Muitos deles estão nas escolas e universidades, na mídia, nas redes sociais, nos palcos e corrompem nossos jovens.

Não é, portanto, de se admirar que eles estejam com problemas de caráter, como reportado pela Forbes.

Afinal, o intelecto se desenvolve na solidão dos estudos, mas o caráter na agitação do mundo. Os exemplos que dei de bons jovens tinham um caráter muito sólido para dizer não ao que é errado mesmo com muitos à sua volta fazendo.

O nosso papel é sermos modelos de conduta por mais que conheçamos nossos próprios pecados. Lembre-se que a hipocrisia é o tributo que o vício presta à virtude. Se você for esperar para quando for perfeito se comportar de maneira decente para os jovens, não fará nada para ajudá-los.

Além disso, é importante resgatarmos bons exemplos em histórias do passado e mostrá-los à geração Z.

Ainda nesta sexta, dia 8 de março celebrado como dia da mulher por muitos, em uma palestra alertava que, se desejássemos modelos de mulheres na liderança, poderíamos mencionar mais frequentemente Joana D´Arc às jovens.

É deste modo que, mesmo com a falta de estrelas no céu, os jovens criarão seu próprio mapa celeste interno para seguir. E ele será o firmamento que sempre foi fixo para as gerações de todos os tempos e que souberam seguir as estrelas da verdade para se guiarem.

Vamos ajudá-los a fazer o mesmo: olhar para essas boas estrelas e guiarem a si mesmos, suas famílias, as empresas e o país para as águas seguras.

Não consigo imaginar sucesso maior para a geração Z.

Mesmo sabendo que este é um trabalho para 12 Hércules.

Vamos fazê-lo!

Silvio Celestino

Sócio-diretor da Alliance Coaching

Autor do livro: O LÍDER TRANSFORMADOR, como transformar pessoas em líderes

silvio.celestino@alliancecoaching.com.br